Categoria: Curiosidades

  • Yeshua: o Colapso Quântico da História

    “Antes que Avraham existisse, Eu Sou.” — João 8:58


    O Tempo, o Observador e o Mistério

    Na física quântica, o tempo deixa de ser uma linha rígida — passado, presente e futuro tornam-se dimensões que se entrelaçam sob a influência do observador.


    O simples ato de observar colapsa a função de onda, transformando possibilidades em realidade.

    De modo análogo, nas Escrituras, a história humana é um campo de possibilidades espirituais que colapsa no Messias.


    Yeshua é o observador divino que entra na criação e redefine o sentido de toda a existência.

    “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” (João 1:1)

    A Encarnação não é apenas um evento temporal; é o ponto de intersecção entre o eterno e o temporal.


    Em Yeshua, o tempo se curva, e a vontade eterna de Deus se manifesta de dentro da criação.


    O Experimento da Escolha Retardada e a Redenção Eterna

    experimento da escolha retardada de Wheeler mostra que uma decisão feita no presente pode influenciar o comportamento de uma partícula como se ela já soubesse o futuro.


    O Messias cumpre esse mesmo princípio em escala cósmica.

    “O Cordeiro foi morto desde a fundação do mundo.” (Ap 13:8)

    O sacrifício de Yeshua, ocorrido em um momento histórico, retroage espiritualmente à origem do mundo, alterando a própria estrutura do tempo espiritual.


    Adão, Avraham, Moshe e os profetas passam a existir dentro de uma realidade reconfigurada pela cruz — uma “retrocausalidade divina”, em que o futuro redime o passado.

    O Zohar ensina que toda a criação foi formada em antecipação ao Justo (Zohar, Bereshit 6b), e que a luz do Messias precede o mundo (Zohar, I, 31b).


    Assim, antes mesmo da queda, a reparação (tikkun) já estava inscrita na estrutura da existência.


    O Messias como o Observador Divino

    Em física quântica, o observador não é passivo — ele determina a realidade que se manifesta.


    No plano espiritual, Yeshua é o olhar de Deus dentro do tempo.
    Ele é o Verbo que observa, interpreta e dá forma à criação.

    “Tudo foi feito por intermédio dEle, e sem Ele nada do que foi feito se fez.” (João 1:3)

    Tanya (cap. 36–37) explica que o propósito da criação é que o Infinito (Ein Sof) habite nas dimensões inferiores — ou seja, que o Divino se manifeste na matéria.


    Yeshua é esse propósito realizado: o olhar do Eterno encarnado, colapsando a dualidade entre céu e terra.


    A Decisão que Reescreve o Tempo

    No momento em que Yeshua entrega o espírito e diz “Está consumado” (João 19:30), o universo inteiro é reorganizado.


    É o instante em que o “campo quântico espiritual” colapsa na linha de redenção.

    “Eis que faço novas todas as coisas.” (Ap 21:5)

    A partir desse evento, a história deixa de ser apenas linear — passa a ser interpretada sob uma ótica messiânica.


    Cada profecia, cada geração, cada ato humano passa a se alinhar com o eixo Yeshua: o ponto fixo do tempo eterno.

    No Zohar (Vayikra 106a), está escrito que “quando o Justo se manifesta, o mundo se sustenta sobre ele e o tempo se renova”.


    Essa é a essência do colapso quântico: o Justo redefine o fluxo do tempo.


    O Passado, o Presente e o Futuro em Unidade

    O apóstolo Pedro expressa isso dizendo que, em Yeshua, “mil anos são como um dia, e um dia como mil anos” (2Pe 3:8).


    Na eternidade, não há separação entre antes e depois — tudo está presente diante do Eterno.

    Yeshua é o presente eterno de Deus.


    No Templo celestial, Seu sacrifício não se repete, mas permanece; o sangue fala continuamente (Hb 12:24).


    Ele é o colapso da história — o ponto onde todas as linhas temporais convergem e se reconciliam.


    O Colapso Quântico da Alma

    Assim como o universo colapsou em redenção, cada alma precisa viver seu próprio colapso — o momento em que as possibilidades se alinham à vontade do Criador.


    Quando alguém reconhece Yeshua, o passado é redimido, o presente é santificado e o futuro é revelado.

    “Se alguém está em Mashiach, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (2Co 5:17)

    A física descreve o colapso da onda; a fé vive o colapso da separação.


    O Messias é a convergência entre ciência e mistério, entre o Ser e o tempo.

    “O verbo se fez carne e habitou entre nós” — é o colapso quântico da história, onde o infinito toca o finito e o passado é restaurado pela luz do eterno agora.


    Conectando:

    Conceitos místicos judaicos (Zohar, Tanya, e o pensamento hassídico).

    Princípios da física quântica (retrocausalidade, colapso da função de onda, tempo não linear);

    Revelações bíblicas (desde Gênesis até Apocalipse);

    Shalom Aleichem!

  • Estudo: As Raízes Judaicas do Povo Nordestino – Identidade, Cultura e Memória Oculta

    Ovelhas perdidas da casa de Israel

    Graça e paz, irmãos e amigos. Shalom, shalom.

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    Introdução

    O povo nordestino é conhecido por sua resiliência, fé, alegria e profunda ligação com suas raízes culturais. No entanto, há um aspecto pouco explorado da identidade nordestina: a possível origem judaica de muitos de seus habitantes. Diversos historiadores e pesquisadores apontam que muitos nordestinos são descendentes de judeus sefarditas que vieram ao Brasil fugindo da Inquisição. Esses judeus, chamados “cristãos-novos”, esconderam sua fé por gerações, mas deixaram marcas profundas na cultura regional — algumas delas perceptíveis até hoje.


    1. A presença judaica no Brasil Colonial

    Cristãos-Novos e a Inquisição

    • Durante os séculos XV e XVI, muitos judeus foram forçados a se converter ao cristianismo em Portugal e na Espanha.
    • Esses judeus convertidos — os cristãos-novos — vieram para o Brasil, especialmente para o Nordeste, buscando liberdade religiosa e segurança.
    • A Inquisição perseguiu muitos desses cristãos-novos no Brasil, principalmente em Pernambuco, Bahia e Ceará.

    Símbolos e práticas preservadas em segredo

    • Apesar da perseguição, muitos mantiveram práticas judaicas escondidas — como acender velas na sexta-feira à noite no início do Shabat, evitar carne de porco, purificar alimentos e até usar nomes simbólicos ligados ao hebraico.
    • Fazer e separar o primeiro pedaço de pãoHá relatos de mulheres nordestinas que:
      • Faziam pão em casa, especialmente em dias específicos.
      • Separavam um pedacinho da massa e queimavam no fogo do fogão a lenha.
      • Isso tem semelhança direta com o mitzvá de “hafrashat challah”, a separação de uma porção da massa para D’us (Bamidbar/Números 15:20).
    • Banho antes do pôr do sol na sextaAlgumas famílias ensinavam:
      • Que na sexta-feira, “não se pode entrar o dia da noite sem tomar banho”.
      • Isso pode refletir a purificação ritual pré-Shabat, conforme os costumes de judeus sefarditas.
    • Orar voltado para o lesteNo Sertão e em vilarejos antigos, há registros orais de pessoas que:
      • Sempre rezavam voltadas para o nascente (leste).
      • Na tradição judaica, os judeus da Diáspora se voltam para Jerusalém — no Brasil, isso é para o leste/nordeste.
    • Evitar carne de porco sem saber por quê
      • Muitos descendentes de cristãos-novos no Nordeste evitavam carne de porco, dizendo:
        “Aqui em casa nunca se comeu porco” ou “faz mal”.
      • Isso é um resquício claro da kashrut (lei alimentar judaica), mesmo que já não se conhecesse o motivo original.
    • Nomear filhos com nomes bíblicos antigosMesmo em regiões de forte influência católica, é comum encontrar:
      • Nomes como Isaías, Moisés, Efraim, Levi, Josué, etc.
      • Isso pode ser herança direta de judeus ocultos, que mantinham a memória dos patriarcas.
    • Música nordestina com temas de seca, exílio, terra prometidaMúsicas como Asa Branca e outras composições de Luiz Gonzaga falam de:
      • Exílio forçado, fome, esperança de retorno à terra, sinais do céu, pássaros migrando.
      • São temas profundamente presentes no Tanach (Bíblia Hebraica) — o exílio do povo judeu e a promessa de retorno.
    • A tradição de varrer a casa sem deixar o lixo sair pela porta da frente é bastante comum no Nordeste — e também em outras regiões do Brasil —, geralmente associada à ideia de “não varrer a sorte para fora”. Mas, em contextos judaicos (especialmente entre judeus sefarditas e descendentes de cristãos-novos), ela pode ter raízes mais profundas, ligadas a práticas de pureza, proteção e bênçãos.
    • Preocupação com a entrada da casa
      • Na Torah, a porta da casa é um lugar sagrado:
        • É onde se coloca a mezuzá (Deuteronômio 6:9).
        • É por onde entram e saem as bênçãos.
        • Também é símbolo de proteção espiritual (Êxodo 12:7 — sangue nos umbrais).
      • Jogar impureza pela porta poderia ser visto como profanar a entrada sagrada do lar.
    • “Não aponte o dedo para a estrela, senão nasce verruga.”
      • Essa frase era dita especialmente por mulheres mais velhas — muitas vezes descendentes de judeus sefarditas que fugiram da Inquisição — e costuma ser repetida para as crianças durante o Shabat, quando as primeiras estrelas aparecem no céu e marca-se o fim do dia santo.Ao dizer às crianças “não aponta pra estrela senão nasce verruga”, estavam:
        • Protegendo a tradição sem chamar atenção.
        • Ensinando reverência aos sinais celestes (como o fim do Shabat).
        • Mantendo um ensinamento esotérico sem expor sua origem judaica.

    2. O Nordeste e a Cultura com traços judaicos

    Vestimentas e símbolos

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    • O chapéu de couro nordestino, com sua forma arredondada e encaixada na cabeça, tem sido comparado ao kipá (solidéu judaico), símbolo de temor a Deus e humildade.
    • Alguns estudiosos falam de “kipá disfarçado de chapéu” como um símbolo que resistiu à assimilação forçada.
    • As franjas laterais representam o Peot (ou Payot, פֵּאוֹת)
    • Peot (às vezes transliterado como peiyot, payos ou peios) são as mechas ou franjas laterais do cabelo, usadas por judeus — especialmente os ortodoxos e hassídicos — em obediência a um mandamento da Torah:“Não cortareis arredondando os cantos de vossa cabeça, nem danificareis as extremidades de vossa barba.”
      Vayicrá (Levítico) 19:27Esse versículo é interpretado, principalmente no Talmud (Makkot 20a), como proibição de raspar os lados da cabeça, levando ao costume de deixar crescer as franjas laterais.
    • As franjas na parte de trás representando o Tzitzit
    • Tzitzit são os cordões/franjas rituais fixados nas quatro extremidades de uma roupa especial chamada tallit (ou tallit katan, se usada por baixo da roupa), conforme o mandamento da Torah:“Faze para ti franjas (tzitzit) nas quatro extremidades da tua vestimenta com que te cobres.”
      Devarim (Deuteronômio) 22:12E também:“E será para vós por tzitzit, para que os vejais e vos lembreis de todos os mandamentos do Eterno, e os cumprais…”
      Bamidbar (Números) 15:38-40

    COSTUME: Jogar fora a água da casa quando alguém morre

    No Nordeste do Brasil, é comum ouvir:

    “Morreu? Tem que jogar fora toda a água da casa!”
    “Não pode beber daquela água depois da morte, dá azar.”
    “Água parada com defunto na casa traz coisa ruim.”

    Esse costume está profundamente enraizado na tradição popular — especialmente em zonas rurais e sertanejas. Mas de onde ele pode vir?

    POSSÍVEL RAIZ JUDAICA – Halachá sobre a morte

    No judaísmo, existem leis muito específicas sobre pureza ritual (tahará e tumá) relacionadas à morte.

    • Quando alguém morre, o local onde o corpo está se torna ritualmente impuro (טָמֵא tamê).
    • Toda água descoberta naquele ambiente também é considerada impura (segundo tradições talmúdicas e haláchicas).
    • Essa impureza se estende a utensílios, alimentos e até pessoas.

    No Talmud (Tratado Avodah Zarah 69a), por exemplo, há menções à proibição de beber água deixada descoberta na presença de um morto.

    “Qualquer água exposta ao espírito da morte (ruach ra’ah) deve ser descartada.”

    Isso se conecta com a ideia de que a alma, ao deixar o corpo, pode passar pela água ou que a água retém alguma energia da morte — o que explicaria a superstição no Nordeste.

    O ato de jogar água fora após a morte pode ter sido uma forma codificada de manter a halachá, sem levantar suspeitas.

    Com o tempo, isso foi absorvido pelo folclore local, mas com explicações mais supersticiosas (como medo de alma penada, mau agouro etc.).

    • Em comunidades judaicas do Iêmen, Irã e Portugal, também se jogava fora água e alimentos de ambientes onde havia morrido alguém.
    • Entre cristãos-novos em Portugal, isso foi documentado por inquisidores como “costume judaizante”.
    • Entre os muçulmanos também há práticas semelhantes, reforçando o contexto semita.

    Culinária

    • Pratos como carne seca com feijão verde têm raízes em métodos antigos de conservação kosher.
    • A ausência de carne suína em várias tradições culinárias familiares pode ser uma memória ancestral da kashrut (leis dietéticas judaicas).

    3. Luiz Gonzaga e o espírito do povo

    Luiz Gonzaga – O Rei do Baião

    • Nascido na cidade Exu (PE), Luiz Gonzaga é um dos maiores ícones da música brasileira.
    • Compositor da famosa música “Asa Branca”, suas letras exaltam o sertão, a esperança e a saudade da terra.
    • Há indícios de que sua linhagem pode ter raízes em famílias de cristãos-novos, como tantas outras na região.

    Música como herança espiritual

    • A saudade da terra e o sofrimento pela seca em suas músicas ressoam com a memória de exílio presente no povo judeu, especialmente nas orações de retorno a Sião.
    • A esperança na chuva lembra os tempos bíblicos, como as preces por chuva em Israel.

    4. O sertanejo e o judeu – paralelos espirituais


    5. Outros indícios culturais

    • Tradições familiares de acender velas, lavar alimentos com sal, cobrir espelhos em luto e enterrar rapidamente os mortos são encontradas em famílias nordestinas e têm paralelos com costumes judaicos.

    6. O Despertar da Identidade

    Hoje, muitos nordestinos estão redescobrindo suas raízes e procurando entender melhor suas tradições. Em várias cidades do interior de Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte, há comunidades que estão retornando ao judaísmo, descobrindo que suas práticas familiares tinham base na Torah.


    Conclusão

    O povo nordestino carrega em si uma herança rica, que mistura fé, resistência e cultura. Ao olharmos com atenção, percebemos que a alma do sertanejo pode guardar os ecos de uma história milenar: a de um povo que, mesmo longe de sua terra original, manteve acesa a chama da espiritualidade e da identidade.

    A Restauração de Israel: Promessa do Retorno

    A promessa de Deus de trazer o povo de Israel de volta à sua terra é messiânica — e aparece muitas vezes nas Escrituras, especialmente nos profetas. Essa promessa está intimamente ligada ao tempo do Mashiach (Messias), ao fim do exílio e à restauração plena de Israel.

    1. Promessa da Volta do Exílio como Sinal Messiânico

    Ezequiel 37:21–22

    “E lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu tomarei os filhos de Israel de entre as nações para onde foram, e os congregarei de todos os lados, e os trarei para a sua terra.
    E farei deles uma só nação na terra, nos montes de Israel, e um só rei será rei de todos eles…”

    Esse texto aparece logo antes da visão do Messias “Meu servo Davi” (v.24), unificando o povo. Ou seja, a volta à terra é parte do processo messiânico.

    2. Deuteronômio 30:3-6 – Teshuvá e Redenção

    “…o Senhor teu Deus te trará de novo do cativeiro, e se compadecerá de ti, e te tornará a ajuntar de todas as nações entre as quais te espalhou…
    E o Senhor teu Deus circuncidará o teu coração… para que vivas.”

    Esse trecho é considerado pelos sábios como um prenúncio messiânico:

    • Primeiro vem o arrependimento (teshuvá) do povo.
    • Depois, a redenção nacional.

    3. Jeremias 23:3-6 – Ajuntamento e o Renovo

    “E eu mesmo reunirei o remanescente das minhas ovelhas de todas as terras…
    …E levantarei sobre elas um Renovo justo; e reinará como Rei, e agirá sabiamente…”

    Aqui vemos dois elementos fundamentais:

    1. Reunião dos exilados.
    2. Reinado do Renovo de Davi — o Messias.

    4. Isaías 11:11-12

    “Naquele dia o Senhor tornará a estender a mão para resgatar o restante do seu povo…
    …e levantará um estandarte entre as nações, e congregará os dispersos de Israel…”

    • Esse capítulo fala claramente do Mashiach vindo do “tronco de Jessé” (v.1).
    • O ajuntamento dos dispersos é parte da missão messiânica.

    5. Talmud e Midrash

    O Talmud (Sanhedrin 98a) e vários Midrashim afirmam que:

    “Não há sinal mais claro da vinda do Messias do que a reunião dos exilados.”

    O Rambam (Maimônides), em Hilchot Melachim (Leis dos Reis), capítulo 11, diz:

    “Se surgir um rei da casa de Davi… que reúna os exilados de Israel… então é, com certeza, o Messias.”


    O retorno do povo de Israel à sua terra é uma promessa messiânica fundamental. Não é apenas uma restauração territorial, mas um movimento espiritual e profético que culmina com a vinda do Rei Messias, a redenção final e o reinado de paz.


    Referências e sugestões para aprofundamento

    • Livro: Cristãos-Novos no Brasil – Anita Novinsky https://editoraperspectiva.com.br/produtos/cristaos-novos-na-bahia/
    • Documentário: A Estrela Oculta do Sertão (disponível online)
    • Artigos do Instituto Bnei Anussim e Shavei Israel
    • Estudos genealógicos da região de Pernambuco e Paraíba
    • Midrashim e textos sobre o exílio sefardita

    Sociedades Secretas

    Ao longo da história, especialmente durante o período da Inquisição e de perseguições aos judeus, surgiram diversas sociedades secretas e movimentos ocultos entre os judeus cripto-sefarditas (aqueles que praticavam o judaísmo em segredo para evitar a perseguição). Esses grupos eram compostos por descendentes de judeus forçados a se converter ao cristianismo mas que continuavam a manter as tradições judaicas de maneira disfarçada.

    Sociedades Secretas entre os Judeus Cripto-Judeus

    1. Os Marranos (ou Cristãos-Novos):
      • Durante a Inquisição Espanhola (séculos 15-17), muitos judeus foram forçados a se converter ao cristianismo. Esses judeus, conhecidos como marranos ou cristãos-novos, eram frequentemente perseguidos pela Igreja Católica, mas continuaram a praticar o judaísmo em segredo.
      • Para proteger sua identidade e seus rituais, formaram sociedades secretas para transmitir os ensinamentos judaicos e as práticas religiosas sem chamar a atenção das autoridades.
      • Muitas vezes, essas sociedades secretas operavam de maneira clandestina, com códigos secretos, símbolos e rituais que lembravam a tradição judaica, mas que eram disfarçados de acordo com as normas cristãs da época.

    1. A Kabbalah e os Movimentos Ocultos:
      • A Kabbalah, uma forma de misticismo judaico, tem sido associada ao ocultismo em várias tradições esotéricas. No século 16, com a disseminação da Kabbalah em várias partes da Europa, especialmente entre os judeus sefarditas e os cristãos conversos, surgiram movimentos secretos e esotéricos que se baseavam em conceitos cabalísticos.
      • Esses grupos frequentemente misturavam a Kabbalah judaica com outras tradições esotéricas, criando uma forma de conhecimento oculto que era transmitido apenas entre os membros iniciados.

    1. Os Marranos e as Práticas Secretas:
      • Muitos judeus que se converteram ao cristianismo ainda mantinham práticas judaicas secretas, como a observância do Shabat, a separação de carne e leite, e a celebração das festas judaicas. Essas práticas eram realizadas disfarçadas sob a aparência de costumes cristãos.
      • Isso criava uma cultura oculta, onde os descendentes de judeus continuavam a se identificar com a tradição judaica, embora de forma secreta.

    1. A Maçonaria:
      • A Maçonaria tem uma conexão histórica com o judaísmo, especialmente com os judeus sefarditas e os cristãos-novos. Alguns estudiosos acreditam que os maçons têm raízes nos antigos mestres construtores judeus e, em algumas vertentes da maçonaria, existem símbolos e práticas que lembram os rituais judaicos.
      • A maçonaria, em muitos casos, foi vista como uma forma de sociedade secreta onde a identidade judaica poderia ser preservada disfarçadamente, especialmente no contexto das perseguições da Inquisição.

    1. Os Crypto-Jews e Suas Conexões com Movimentos Espirituais:
      • Em várias partes do mundo, os judeus cripto-sefarditas estavam envolvidos em movimentos espirituais e filosóficos, como o Racionalismo e o Esoterismo.
      • Esses movimentos muitas vezes viam a sabedoria judaica e a tradição mística como uma fonte de conhecimento oculto e estavam profundamente conectados com as sociedades secretas que floresceram durante o Renascimento e a Idade Moderna.

    Conexões com o Nordeste Brasileiro

    No caso do Nordeste do Brasil, onde muitos descendentes de judeus sefarditas (os chamados cristãos-novos ou marranos) se estabeleceram, muitos desses grupos esotéricos e secretistas podem ter influenciado práticas culturais locais, com símbolos, códigos e rituais que lembram o judaísmo oculto. As tradições de secretismo e preservação da identidade judaica podem ser vistas nas práticas espirituais, rituais familiares e até em certos símbolos culturais.


    Resumindo:

    Sociedades secretas existiram entre os judeus, especialmente no período da Inquisição, onde os judeus forçados a se converter ao cristianismo criaram movimentos ocultos e secretos para preservar suas tradições. Muitos desses grupos também estavam relacionados com movimentos esotéricos e cabala. Essas sociedades secretas se mantiveram discretas para evitar a perseguição religiosa e preservar a identidade judaica.

    Rafael Ramos para a página Usina da Torah – Yeshua

    Shalom aleichem!

    Luiz Gonzaga – Wikipédia, a enciclopédia livre

    Asa Branca – Canção de Luiz Gonzaga

    Quando oiei’ a terra ardendo
    Qual fogueira de São João
    Eu preguntei’ a Deus do céu, uai
    Por que tamanha judiação?
    Eu preguntei’ a Deus do céu, uai
    Por que tamanha judiação?

    Que braseiro, que fornaia’
    Nenhum pé de prantação’
    Por farta’ d’água perdi meu gado
    Morreu de sede meu alazão
    Por farta’ d’água perdi meu gado
    Morreu de sede meu alazão

    Inté’ mesmo a asa branca
    Bateu asas do sertão
    Entonce’ eu disse: adeus, Rosinha
    Guarda contigo meu coração
    Entonce’ eu disse: adeus, Rosinha
    Guarda contigo meu coração

    Hoje longe, muitas légua
    Numa triste solidão
    Espero a chuva cair de novo
    Pra mim vortar’ pro meu sertão
    Espero a chuva cair de novo
    Pra mim vortar’ pro meu sertão

    Quando o verde dos teus óio’
    Se espaiar’ na prantação’
    Eu te asseguro, não chore, não, viu
    Que eu vortarei’, viu, meu coração
    Eu te asseguro, não chore, não, viu
    Que eu vortarei’, viu, meu coração

  • 17 frases de Yeshua HaMashiach que se conectam com o Tanach

    Yeshua HaMashiach, o maior Rabino de todos.


    Yeshua HaMashiach, o maior Rabino de todos.

    Graça e paz, irmãos e amigos. Shalom, shalom.

    Em Marcos 12:29, encontramos Yeshua (Jesus) reafirmando a centralidade do Shema Israel como o maior dos mandamentos. O versículo diz:

    “Respondeu Jesus: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.” (Marcos 12:29, ARA)

    Contexto:

    – A pergunta: Um escriba perguntou a Yeshua qual era o maior de todos os mandamentos (Marcos 12:28). Essa era uma discussão comum entre os mestres da Torah na época.

    – A resposta de Yeshua: Ele começa citando o Shema (Deuteronômio 6:4), reconhecendo a unicidade e soberania de Deus. Em seguida, acrescenta o mandamento de amar a Deus com todo o coração, alma, entendimento e força (Marcos 12:30), baseado em Deuteronômio 6:5.

    Significado:

    1. Continuidade com a Torah: Yeshua reafirma que o fundamento da fé é o mesmo dado a Israel na Torah: o amor e a fidelidade a Deus.

    2. Ênfase no amor: Ele conecta o reconhecimento da unicidade de Deus ao mandamento de amá-Lo profundamente, unindo fé e ação.

    3. O segundo mandamento: Após citar o Shema, Yeshua menciona Levítico 19:18: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Marcos 12:31). Isso demonstra a inseparabilidade entre amor a Deus e amor ao próximo.

    A resposta de Yeshua reflete uma interpretação comum entre os rabinos de sua época, que viam o Shema como o núcleo da fé de Israel. Ele não introduz uma ideia nova, mas reafirma o que era ensinado na Torah.

    A citação do Shema em Marcos 12:29 mostra que o ensino de Yeshua está profundamente enraizado na Torah e no Tanach.

    Há muitas frases e ensinamentos de Yeshua que estão diretamente conectados à Torah e ao Tanach:

    1. Mateus 4:4 – “Nem só de pão viverá o homem”

    – Frase de Yeshua:

    “Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.”

    – Fonte no Tanach:

    Deuteronômio 8:3 – “…para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que procede da boca do Senhor viverá o homem.”

    2. Mateus 22:37-38 – Amar a Deus com todo o coração

    – Frase de Yeshua:

    “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.”

    – Fonte no Tanach:

    Deuteronômio 6:5 – “Amarás, pois, o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.”

    3. Mateus 22:39 – Amar o próximo como a si mesmo

    – Frase de Yeshua:

    “E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”

    – Fonte no Tanach:

    Levítico 19:18 – “…amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.”

    4. Mateus 5:5 – Bem-aventurados os mansos

    – Frase de Yeshua:

    “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.”

    – Fonte no Tanach:

    Salmos 37:11 – “Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz.”

    5. Mateus 21:16 – O louvor das crianças

    – Frase de Yeshua:

    “Da boca dos pequeninos e das crianças de peito tiraste perfeito louvor.”

    – Fonte no Tanach:

    Salmos 8:2 – “Da boca das crianças e dos que mamam estabeleceste força, por causa dos teus adversários…”

    6. Lucas 23:46 – “Em tuas mãos entrego meu espírito”

    – Frase de Yeshua:

    “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.”

    – Fonte no Tanach:

    Salmos 31:5 – “Nas tuas mãos encomendo o meu espírito; tu me redimiste, Senhor Deus da verdade.”

    7. João 7:37-38 – A água viva

    – Frase de Yeshua:

    “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.”

    – Fonte no Tanach:

    Isaías 55:1 – “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas…”

    Zacarias 14:8 – “…sairão de Jerusalém águas vivas…”

    8. João 8:12 – A luz do mundo

    – Frase de Yeshua:

    “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida.”

    – Fonte no Tanach:

    Isaías 9:2 – “O povo que andava em trevas viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz.”

    9. Mateus 5:17 – “Não vim para abolir, mas para cumprir”

    – Frase de Yeshua:

    “Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim para destruir, mas para cumprir.”

    – Fonte no Tanach:

    Isaías 42:21 – “O Senhor se agradou dele por amor da sua justiça; engrandeceu a lei e a tornou gloriosa.”

    Yeshua enfatiza a continuidade e a relevância da Torah.

    10. Mateus 5:21-22 – Não matarás

    – Frase de Yeshua:

    “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e quem matar estará sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão estará sujeito a julgamento.”

    – Fonte na Torah:

    Êxodo 20:13 – “Não matarás.”

    Yeshua amplia o mandamento, destacando o aspecto interior da obediência.

    11. Mateus 5:27-28 – Não adulterarás

    – Frase de Yeshua:

    “Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo que qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura no coração já cometeu adultério com ela.”

    – Fonte na Torah:

    Êxodo 20:14 – “Não adulterarás.”

    Assim como no caso anterior, Yeshua aprofunda o entendimento espiritual do mandamento.

    12. Mateus 5:38-39 – Olho por olho, dente por dente

    – Frase de Yeshua:

    “Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente por dente. Eu, porém, vos digo: Não resistais ao perverso; mas a qualquer que te ferir na face direita, oferece-lhe também a outra.”

    – Fonte na Torah:

    Êxodo 21:24 – “Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé.”

    Yeshua apresenta uma abordagem de misericórdia e pacificação, reinterpretando a aplicação prática da lei.

    13. Mateus 9:13 – Misericórdia, e não sacrifício

    – Frase de Yeshua:

    “Ide, porém, e aprendei o que significa: Quero misericórdia, e não sacrifício.”

    – Fonte no Tanach:

    Oséias 6:6 – “Porque eu quero misericórdia, e não sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos.”

    Yeshua destaca a importância da atitude do coração sobre os rituais externos.

    14. Mateus 7:12 – A Regra de Ouro

    – Frase de Yeshua:

    “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a lei e os profetas.”

    – Fonte no Tanach:

    Levítico 19:18 – “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”

    Yeshua resume o princípio ético central da Torah.

    15. Lucas 10:25-28 – Amar a Deus e ao próximo

    – Frase de Yeshua:

    “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e amarás o teu próximo como a ti mesmo.”

    – Fonte na Torah:

    Deuteronômio 6:5 – “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.”

    Levítico 19:18 – “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”

    Yeshua une esses dois mandamentos, mostrando sua interconexão.

    16. Mateus 23:12 – A humildade exaltada

    – Frase de Yeshua:

    “Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado.”

    – Fonte no Tanach:

    Provérbios 29:23 – “A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito obterá honra.”

    Yeshua reforça a visão bíblica da humildade.

    17. João 6:45 – Ser ensinados por Deus

    – Frase de Yeshua:

    “Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Todo aquele que ouviu e aprendeu do Pai vem a mim.”

    – Fonte no Tanach:

    Isaías 54:13 – “E todos os teus filhos serão ensinados pelo Senhor; e será grande a paz de teus filhos.”

    Yeshua se conecta com as promessas messiânicas do Tanach.

    E existem muitas outras, Yeshua HaMashiach

    Rafael Ramos para a página Usina da Torah – Yeshua

    Shalom aleichem!

  • Breve história do apóstolo Paulo (Sha’ul)

    Uma análise para compreender as dúvidas levantadas por judeus e cristãos a seu respeito.

    Breve história do apóstolo Paulo (Sha’ul): uma análise para compreender as dúvidas levantadas por judeus e cristãos a seu respeito.

    Graça e paz, irmãos e amigos. Shalom, shalom.

    Vamos tratar aqui das seguintes perguntas:

    #1 – De acordo com o judaísmo na época do Segundo Templo, era possível que um judeu obtivesse cidadania romana?

    #2 – Quanto ao fato de ele ser fariseu, seria possível, segundo fontes judaicas, que ele também tivesse cidadania romana?

    #3 – De que maneira ele teria sido criado aos pés de Gamaliel?

    #4 – Com que idade ele poderia ter começado a ser ensinado por Gamaliel?

    #5 – Por que Paulo perseguiu a “Igreja” (seguidores de Yeshua)?

    #6 – Como fariseu, ele era obrigado a se casar?

    #7 – Paulo prendia discípulos de Yeshua e os entregava às autoridades judaicas. Com base em que autoridade ele poderia fazer isso?

    #8 – Após sua conversão a Yeshua, o apóstolo Paulo continuou ensinando a Torah ou passou a ensinar contra ela?

    Uma visão fundamentada nos relatos bíblicos e em fontes históricas, elaborada por um mero estudioso das Escrituras.

    #1 – De acordo com o judaísmo na época do Segundo Templo, era possível que um judeu obtivesse cidadania romana?

    Sim, era possível um judeu ter cidadania romana durante a época do Segundo Templo, embora fosse algo relativamente raro e geralmente restrito a indivíduos ou famílias específicas. A cidadania romana não era automática para todos os habitantes do Império Romano, incluindo judeus, mas poderia ser obtida de várias formas, como:

    1. Por concessão do imperador ou governantes romanos: Alguns judeus proeminentes, especialmente líderes ou pessoas influentes em comunidades judaicas, poderiam receber a cidadania romana como um privilégio por lealdade ou serviços prestados ao Império.

    2. Por nascimento: Filhos de cidadãos romanos nasciam com cidadania. Isso poderia incluir judeus cujos ancestrais já tinham recebido cidadania.

    3. Por compra: Durante o período romano, era possível adquirir cidadania mediante pagamento, embora o custo fosse alto e geralmente acessível apenas a pessoas ricas.

    4. Por serviço militar: Não era comum os judeus servirem no exército romano devido às suas crenças e leis religiosas, mas havia casos excepcionais. Servir em determinadas unidades auxiliares poderia garantir cidadania após o tempo de serviço.

    Exemplo bíblico:

    O caso de Paulo (Sha’ul) é um exemplo notável. Ele era judeu, da tribo de Benjamim, e também cidadão romano por nascimento (Atos 22:25-29). Isso sugere que sua família ou antepassados haviam recebido cidadania romana de alguma forma.

    Relação com o judaísmo:

    Embora a cidadania romana oferecesse privilégios significativos, como proteção legal e isenção de certas punições, nem todos os judeus a desejavam, pois poderia envolver compromissos com práticas romanas contrárias à lei judaica. No entanto, judeus que eram cidadãos romanos frequentemente usavam essa posição para proteger os interesses de sua comunidade ou sua prática religiosa.

    #2 – Quanto ao fato de ele ser fariseu, seria possível, segundo fontes judaicas, que ele também tivesse cidadania romana?

    Sim, seria possível Paulo ser fariseu e ter cidadania romana, mas isso era algo excepcional e exigiria circunstâncias especiais. De acordo com fontes judaicas e o contexto histórico da época, essas duas condições — ser um fariseu devoto e um cidadão romano — poderiam coexistir, embora houvesse tensões ideológicas e culturais entre o judaísmo farisaico e a cultura romana.

    Ponto de Vista Judaico

    1. Os Fariseus e a Identidade Judaica:

    Os fariseus eram um grupo que enfatizava a separação das práticas gentílicas e a observância rigorosa da Torah. Eles também valorizavam as tradições orais que posteriormente formaram a base do Talmud. Um fariseu devoto geralmente não buscaria cidadania romana por conta própria, já que isso poderia envolver compromissos morais e culturais com o Império Romano.

    2. Cidadania como Circunstância Hereditária:

    Paulo (Sha’ul) afirmou que sua cidadania romana era de nascimento (Atos 22:28), indicando que ele não precisou se comprometer com práticas romanas para obtê-la. Isso sugere que sua família poderia ter recebido a cidadania por serviços prestados ao Império ou por algum favor político. Nesse caso, Paulo poderia herdar a cidadania sem que isso afetasse diretamente sua identidade como fariseu.

    3. Fariseus em Diáspora e Interações com Roma:

    A presença de judeus fariseus na diáspora (fora de Israel) era comum, especialmente em centros como Tarso, de onde Paulo veio. Nessas comunidades, era mais provável que judeus interagissem com autoridades romanas. Alguns judeus influentes poderiam equilibrar sua fidelidade à Torah e sua posição no sistema romano.

    Tensão Cultural e Religiosa

    Embora a cidadania romana oferecesse benefícios, como proteção legal e isenções, havia aspectos que poderiam ser problemáticos para um fariseu:

    – Adoração Imperial: Os romanos promoviam o culto ao imperador, algo completamente inaceitável para um fariseu.

    – Práticas Culturais Pagãs: O ambiente romano estava cheio de práticas contrárias à lei judaica, como idolatria e imoralidade.

    Porém, como cidadão romano, Paulo pôde usar seus privilégios para defender sua fé (Atos 25:10-11), mostrando que ele não comprometeu seus princípios farisaicos para ser um cidadão romano.

    Fontes Judaicas e Contexto:

    Não há evidência direta nas fontes judaicas (como o Talmud ou Midrashim) que explorem especificamente o caso de um fariseu com cidadania romana, mas essas fontes reconhecem a complexidade da vida judaica na diáspora sob o domínio romano. A Mishná e o Talmud mencionam casos de judeus que interagiam com autoridades romanas, como Raban Gamliel e outros líderes da época, que equilibravam sua lealdade ao judaísmo com as realidades do domínio romano.

    #3 – De que maneira ele teria sido criado aos pés de Gamaliel?

    A expressão “criado aos pés de Gamaliel” (Atos 22:3) indica que Paulo (Sha’ul) recebeu uma formação rigorosa e formal na Torah e nas tradições judaicas sob a orientação de Raban Gamaliel (Gamliel HaZaken), uma das figuras mais proeminentes do judaísmo no período do Segundo Templo. Para entender como isso seria possível, considerando também sua cidadania romana e sua origem em Tarso, é importante analisar o contexto histórico e as tradições judaicas da época.

    1. Quem era Gamaliel?

    Gamaliel, mencionado no Talmud como Gamliel HaZaken (o Velho), foi neto de Hillel, o fundador da escola de pensamento de mesmo nome, conhecida por sua abordagem mais compassiva e flexível da Torah em comparação com a escola de Shamai. Ele foi um dos líderes do Sinédrio e é lembrado como um dos maiores mestres da lei judaica.

    Fontes rabínicas o descrevem como um homem de sabedoria, moderado em seus julgamentos, e alguém que buscava equilíbrio entre a fidelidade à Torah e a convivência com o domínio romano.

    2. Educação Judaica no Período do Segundo Templo

    – Movimento para Jerusalém:

    Embora Paulo tenha nascido em Tarso, ele provavelmente foi enviado a Jerusalém em idade jovem para receber uma educação tradicional. Era comum que famílias judias da diáspora mandassem seus filhos para estudar na Terra de Israel, especialmente se fossem famílias devotas.

    – Estudo aos Pés de um Rabino:

    A expressão “aos pés de Gamaliel” era uma forma idiomática que indicava proximidade e aprendizado direto com um mestre. Os alunos literalmente se sentavam no chão enquanto o rabino ensinava, simbolizando humildade e submissão ao conhecimento.

    A educação judaica dessa época envolvia:

    – Memorização da Torah escrita (Pentateuco) e domínio das tradições orais.

    – Discussão de halachá (lei judaica).

    – Formação ética e moral, baseada nos princípios da Torah.

    3. Como isso conciliava com sua cidadania romana?

    Embora Paulo tivesse cidadania romana, isso não significava que ele fosse assimilado à cultura romana. Sua identidade judaica permaneceu central. É provável que sua família em Tarso fosse uma família judaica devota, que valorizava tanto sua herança judaica quanto sua posição social no Império.

    – Cidadania como um recurso, não uma escolha cultural:

    A cidadania romana podia coexistir com uma identidade judaica rigorosa, especialmente para famílias que usavam esse status para proteger sua liberdade religiosa ou avançar seus interesses na diáspora.

    – Família de Elite:

    O fato de Paulo ter sido enviado para estudar com Gamaliel sugere que sua família tinha recursos financeiros e status social. Era um privilégio estudar com um mestre tão renomado, o que pode indicar que sua família era respeitada tanto entre os judeus quanto no contexto romano.

    4. Por que Paulo menciona Gamaliel?

    Paulo menciona Gamaliel em Atos 22:3 para reforçar sua autoridade como judeu e conhecedor da Torah, especialmente diante de uma audiência que questionava sua fidelidade às tradições judaicas. Ao associar-se a Gamaliel, Paulo destaca:

    – Sua formação nas tradições mais respeitadas do judaísmo.

    – Sua lealdade à Torah e às práticas farisaicas.

    – Sua legitimidade como alguém que compreendia profundamente a lei judaica antes de sua conversão ao Messias.

    5. Fontes Judaicas sobre Estudo e Mestres

    O Talmud enfatiza a importância de estudar com mestres reconhecidos. Por exemplo:

    – Pirkei Avot (Ética dos Pais) 1:4: “Seja coberto com o pó dos pés dos sábios e beba avidamente de suas palavras.”

    – Essa expressão reflete exatamente a ideia de “criado aos pés de Gamaliel”.

    Além disso, o Talmud menciona Gamaliel como uma figura que buscava harmonia, sugerindo que ele tinha uma abordagem mais aberta em relação aos desafios do mundo gentílico, o que talvez tenha influenciado Paulo em seu pensamento posterior.

    Paulo foi criado “aos pés de Gamaliel” por ter sido enviado a Jerusalém, provavelmente ainda jovem, para receber uma educação farisaica rigorosa. Sua cidadania romana não impediu essa formação, pois era algo herdado e não implicava adesão à cultura ou religião romana. Essa formação moldou sua compreensão profunda da lei judaica, que ele utilizou tanto antes quanto depois de sua conversão.

    #4 – Com que idade ele poderia ter começado a ser ensinado por Gamaliel?

    Paulo provavelmente começou a ser ensinado por Gamaliel entre os 12 e 16 anos de idade, conforme o padrão da educação judaica na época.

    Contexto da Educação Judaica

    – Primeira Infância (5-10 anos):

    Paulo teria recebido sua educação inicial na Torah escrita em Tarso, onde morava com sua família. Essa formação básica era comum mesmo na diáspora, especialmente em famílias devotas.

    – Estudo da Mishná e Tradição Oral (10-13 anos):

    A partir dos 10 anos, jovens judeus começavam a estudar as tradições orais (que mais tarde formariam a base do Talmud), como preparação para assumir a responsabilidade pelos mandamentos ao completar 13 anos (Bar Mitzvá).

    – Estudos Avançados (13 anos ou mais):

    Após o Bar Mitzvá, jovens que demonstravam grande interesse ou capacidade no estudo religioso eram enviados a mestres renomados. Isso envolvia viajar para Jerusalém, onde os grandes rabinos ensinavam.

    Por que entre 12 e 16 anos?

    1. Idade de Maturidade Religiosa:

    Aos 13 anos, Paulo seria considerado apto a estudar questões mais complexas da Lei com um mestre como Gamaliel.

    2. Educação Judaica Avançada:

    Gamaliel, sendo líder do Sinédrio e mestre farisaico, ensinaria alunos que já tivessem uma base sólida. Paulo menciona em Atos 22:3 que foi “instruído segundo a exatidão da lei de nossos antepassados”, o que reflete uma educação formal avançada.

    3. Família e Circunstâncias:

    A decisão de enviar Paulo a Jerusalém pode ter ocorrido um pouco antes ou logo após ele atingir a idade de Bar Mitzvá, dependendo dos recursos da família e do reconhecimento de seu potencial.

    Portanto, Paulo teria iniciado seus estudos aos pés de Gamaliel em Jerusalém provavelmente entre 12 e 16 anos, quando já possuía maturidade suficiente e uma base sólida na Lei. Essa formação avançada consolidaria sua identidade como fariseu e estudioso da Torah.

    #5 – Por que Paulo perseguiu a “Igreja” (seguidores de Yeshua)?

    Paulo perseguiu a Igreja porque, como fariseu devoto, ele via os seguidores de Yeshua como uma ameaça à fé judaica tradicional e à pureza da Torah. Na visão de Paulo, antes de sua conversão, o movimento dos seguidores do Caminho representava uma heresia que poderia desviar o povo judeu do cumprimento das leis de Deus e da aliança com Ele.

    Razões para a perseguição de Paulo

    1. Zelo pela Lei Judaica:

    – Paulo se descreve como um fariseu extremamente zeloso pela Torah e pelas tradições dos antepassados (Gálatas 1:13-14; Filipenses 3:5-6). Para ele, os seguidores do Caminho parecia contradizer elementos fundamentais da fé judaica, como o cumprimento da Lei e a centralidade do templo.

    – Ele acreditava que Yeshua, sendo crucificado como um criminoso, não poderia ser o Messias prometido, e que os seguidores de Yeshua estavam distorcendo as Escrituras.

    2. Proteção do Judaísmo:

    – A fé judaica, especialmente no período do Segundo Templo, era marcada pela preocupação em preservar sua identidade em meio à ocupação romana e influências gentílicas. Qualquer movimento que pudesse comprometer essa identidade era visto como perigoso.

    – Paulo provavelmente via os discípulos de Yeshua como apóstatas ou desviados que desafiavam a unidade e pureza do judaísmo.

    3. Rejeição à Divindade de Yeshua:

    – A afirmação dos discípulos de Yeshua de que o Messias era o Filho de Deus e o cumprimento da promessa messiânica era vista como blasfêmia por muitos judeus. Paulo, como fariseu, rejeitava completamente essa ideia antes de seu encontro com o Messias.

    4. Expansão do Movimento Seguidores do Caminho:

    – O seguimento estava crescendo rapidamente, especialmente após o Pentecostes (Atos 2), e ganhando adeptos dentro e fora do judaísmo. Isso provavelmente preocupava Paulo e outros líderes judeus, pois desafiava a autoridade das instituições religiosas judaicas e criava divisões entre os judeus.

    5. Autoridade Religiosa:

    – Paulo, antes de sua conversão, tinha algum nível de autoridade dentro da comunidade judaica. Ele recebeu cartas dos líderes religiosos para perseguir os discípulos de Yeshua até Damasco (Atos 9:1-2). Isso indica que ele agia como um agente do Sinédrio, o conselho religioso judaico, que via o movimento como um problema que precisava ser suprimido.

    Como ele perseguiu a Igreja?

    – Prisão e Punição:

    Paulo prendia discípulos de Yeshua e os entregava às autoridades judaicas. Ele mesmo afirma: “Eu perseguia este Caminho até à morte, prendendo homens e mulheres e lançando-os na prisão” (Atos 22:4).

    – Aprovação da Morte de Estêvão:

    Paulo estava presente e aprovou o apedrejamento de Estêvão, o primeiro mártir movimento (Atos 7:58–8:1). Isso demonstra o grau de sua oposição ao movimento.

    Transformação: O Encontro com o Messias

    O zelo de Paulo pela perseguição foi radicalmente transformado após seu encontro com Yeshua no caminho para Damasco (Atos 9:3-6). Esse evento mudou completamente sua perspectiva, levando-o a reconhecer Yeshua como o Messias e a se tornar um dos maiores propagadores da fé através dele.

    #6 – Como fariseu, ele era obrigado a se casar?

    No contexto judaico da época de Paulo, especialmente entre os fariseus, o casamento era altamente incentivado, mas não absolutamente obrigatório. A tradição farisaica e a lei judaica consideravam o casamento uma mitzvá (mandamento), com base no preceito de “crescei e multiplicai-vos” (Gênesis 1:28). Porém, havia algumas exceções e circunstâncias que poderiam explicar por que Paulo, sendo fariseu, aparentemente não era casado.

    1. O Casamento no Judaísmo Farisaico

    – Mandamento do Casamento:

    A tradição judaica considerava o casamento quase universalmente esperado, especialmente para homens. Isso era visto não apenas como uma obediência ao mandamento de Deus, mas também como uma forma de sustentar a comunidade e evitar a solidão (Gênesis 2:18).

    – Casamento entre os Fariseus:

    Como grupo rigoroso na observância da Lei, os fariseus eram especialmente zelosos em cumprir os mandamentos, incluindo o casamento. Muitos rabinos da época afirmavam que um homem deveria casar-se logo após atingir a maturidade (aproximadamente aos 18 anos, conforme Pirkei Avot 5:21).

    2. O Estado Civil de Paulo

    Nos textos bíblicos, Paulo não menciona diretamente ser casado. Pelo contrário, ele parece indicar que era solteiro ou, pelo menos, não vivia mais com uma esposa:

    – 1 Coríntios 7:8:

    “Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se permanecerem como eu.”

    Aqui, Paulo claramente sugere que ele não era casado quando escreveu a carta.

    – Viúvo ou Celibatário?

    É possível que Paulo tenha sido casado no passado e ficado viúvo, o que explicaria sua solteirice posterior. Outra hipótese é que ele optou por permanecer solteiro para se dedicar inteiramente à sua missão.

    3. Exceções ao Casamento entre Fariseus

    Apesar de a maioria dos fariseus se casar, havia algumas circunstâncias que podiam levar um homem a permanecer solteiro:

    – Dedicação ao Estudo:

    Homens excepcionalmente devotos ao estudo da Torah e ao serviço religioso poderiam adiar ou evitar o casamento. No caso de Paulo, sua dedicação ao estudo aos pés de Gamaliel e sua vida missionária poderiam justificar essa escolha.

    – Missão Espiritual:

    Após sua conversão, Paulo argumenta em 1 Coríntios 7 que o celibato pode ser uma escolha válida para quem está completamente dedicado ao serviço de Deus, como ele próprio. Isso pode refletir sua decisão de permanecer solteiro, mesmo que fosse incomum para um fariseu.

    4. Implicações da Solteirice de Paulo

    Se Paulo era fariseu e não era casado, ele estaria em uma posição incomum dentro do judaísmo. Isso poderia ter gerado questionamentos entre outros fariseus. Contudo, ele pode ter justificado sua escolha por causa de sua missão ou por convicções pessoais, especialmente após sua conversão ao Messias.

    Embora a maioria dos fariseus se casasse, Paulo parece ter escolhido (ou ter sido colocado em uma situação) em que permaneceu solteiro. Isso não era a norma, mas também não era impossível, especialmente para alguém tão dedicado à sua fé e, posteriormente, à missão em Yeshua.

    #7 – Paulo prendia discípulos de Yeshua e os entregava às autoridades judaicas. Com base em que autoridade ele poderia fazer isso?

    Paulo tinha autoridade para prender discípulos de Yeshua porque agia como um representante do Sinédrio, o conselho religioso e jurídico judaico de Jerusalém, que tinha jurisdição sobre questões religiosas entre os judeus. Ele recebeu cartas de autorização das autoridades religiosas, que legitimavam suas ações contra os seguidores de Yeshua.

    Com que autoridade Paulo podia prender discípulos de Yeshua?

    1. Autoridade do Sinédrio:

    – O Sinédrio era o principal órgão judicial e legislativo do judaísmo na época, com permissão limitada pelas autoridades romanas para governar assuntos religiosos e civis internos entre os judeus.

    – Como fariseu respeitado e zeloso, Paulo recebeu cartas do sumo sacerdote para agir em nome do Sinédrio, perseguindo os discípulos de Yeshua tanto em Jerusalém quanto fora dela (Atos 9:1-2).

    2. Cartas de Autorização:

    – Em Atos 9:1-2, é mencionado que Paulo pediu ao sumo sacerdote cartas para ir a Damasco e prender os seguidores de “O Caminho” (como os discípulos de Yeshua eram conhecidos).

    – Essas cartas funcionavam como mandados oficiais, permitindo que Paulo prendesse discípulos de Yeshua e os trouxesse de volta a Jerusalém para julgamento religioso.

    3. Colaboração entre judeus e Romanos:

    – Embora o Sinédrio não tivesse autoridade direta para executar sentenças de morte (essa prerrogativa pertencia aos romanos), ele tinha autonomia para lidar com questões internas, incluindo prisões e punições dentro da comunidade judaica.

    4. Zelo Religioso e Reconhecimento Local:

    – Paulo também parecia contar com o apoio de comunidades judaicas locais fora de Jerusalém. Sua reputação como zeloso defensor da Lei facilitava sua cooperação com líderes de sinagogas em outras cidades.

    A autoridade de Paulo para prender discípulos de Yeshua vinha das cartas emitidas pelo sumo sacerdote, respaldadas pelo Sinédrio. Isso o legitimava como perseguidor oficial daqueles que eram vistos como uma ameaça à fé judaica.

    #8 – Após sua conversão a Yeshua, o apóstolo Paulo continuou ensinando a Torah ou passou a ensinar contra ela?

    Após sua conversão a Yeshua, o apóstolo Paulo continuou a valorizar e a ensinar a Torah, mas de uma forma completamente transformada. Ele não ensinava contra a Torah, mas sua interpretação passou a ser centrada na obra de Yeshua como o cumprimento das promessas messiânicas da Escritura. A principal mudança foi que ele passou a ver a Torah e suas observâncias à luz da fé na vida e sacrifício do Messias, acreditando que a salvação vinha pela fé e não pela mera observância da Lei.

    1. Paulo e a Torah após a conversão:

    – Cumprimento da Torah em Yeshua:

    Para Paulo, Yeshua é o cumprimento das promessas da Torah. Em Romanos 10:4, ele escreve: “Porque o objetivo da lei é Yeshua, para justiça de todo aquele que crê.” Isso significa que, para Paulo, a Torah apontava para o Messias e sua obra redentora.

    – Relação com a Lei:

    Paulo continuou respeitando a Torah, mas ensinava que ela não podia salvar as pessoas por si só. Ele entendia que, enquanto a Lei revelava o pecado, Yeshua é aquele que oferece a justificação. Ele não se opunha à Torah, mas afirmava que a salvação não vinha mais pela observância das suas prescrições, como sacrifícios, festivais e outros rituais, mas pela fé na vida e sacrifício do Messias (Gálatas 2:16, Filipenses 3:9).

    – Exemplo Prático:

    Em Atos 21:24, Paulo é orientado pelos líderes discípulos de Yeshua a participar de um ritual judaico (uma purificação no templo) para demonstrar que ele não estava ensinando contra a Lei. Isso sugere que Paulo ainda via valor na prática da Torah como parte da identidade judaica, embora a tenha reinterpretado à luz de sua fé na vida e ensino de Yeshua.

    2. Paulo e as questões de “guardar” a Torah:

    – A questão da circuncisão e das obras da Lei:

    Paulo, principalmente em suas cartas, como em Gálatas, combateu a ideia de que a salvação poderia ser alcançada por meio da observância da Lei, como a circuncisão. Ele insistiu que a fé no sacrifício de Yeshua e em sua vida, e não as obras da Lei, era o meio pelo qual os gentios poderiam ser justificados diante de Deus (Gálatas 2:16).

    – Continuidade com a Torah:

    Em outras cartas, como em Romanos, Paulo mostra que a Torah tem um papel contínuo para o crente, mas não como um meio de salvação. Em Romanos 7:12, ele escreve: “A Lei é santa, e o mandamento é santo, justo e bom.” Assim, Paulo ensinava que a Torah ainda tinha um papel de revelação da vontade de Deus, mas não mais como uma fonte de justificação, já que a salvação vinha pela graça de Deus no Messias.

    3. Paulo e o Messias na Torah:

    – Yeshua como o centro da Torah:

    Para Paulo, Yeshua era a chave para entender a Torah. Ele via a morte e ressurreição do Messias como o ponto culminante da história de Israel, no qual as promessas da Torah se realizavam. Por exemplo, ele fala em 2 Coríntios 1:20 que “todas as promessas de Deus são ‘sim’ no Messias.” Portanto, Paulo não se afastou da Torah, mas a reinterpretou à luz da nova aliança que ele acreditava ter sido estabelecida em Yeshua.

    Conclusão:

    Paulo não ensinava contra a Torah após sua conversão, mas a via como um caminho que apontava para a necessidade de um Salvador, que ele acreditava ter sido enviado por Deus na pessoa de Yeshua. Ele continuou a respeitar a Lei, mas ensinava que a salvação vinha pela fé, e não apenas pela observância das suas prescrições, especialmente no que se referia a rituais e obras externas. Em outras palavras, para Paulo, Yeshua era a chave para entender e viver a verdadeira obediência a Deus. Por isso, ele não se opunha à circuncisão — tanto que circuncidou Timótio — mas deixava claro que aqueles que buscavam se justificar pela Lei estavam caindo da Graça de Deus, tropeçando na própria Lei.

    Fontes:

    Para fornecer uma base histórica sólida para as perguntas, me concentrei em fontes históricas que abordam o contexto social, político e religioso da época do apóstolo Paulo, especificamente sobre o judaísmo no período do Segundo Templo, a cidadania romana e as práticas de Paulo como fariseu e seguidor do Messias. A maioria das fontes que exploram esse período é de autores antigos, como Flávio Josefo, e de historiadores contemporâneos que estudam o judaísmo antigo, o Império Romano e os primórdios do movimento dos seguidores do Caminho.

    1. De acordo com o judaísmo na época do Segundo Templo, era possível que um judeu obtivesse cidadania romana?

    – Fonte Histórica:

    O historiador Flávio Josefo, em suas obras como Antiguidades Judaicas e A Guerra dos judeus, descreve o processo pelo qual os judeus podiam obter cidadania romana. A cidadania romana podia ser adquirida por diversos meios, incluindo o serviço militar, concessões imperiais ou por meios legais através da aquisição de favores de autoridades romanas, como em cidades como Roma e Cilícia. Como no caso de Paulo, que era de Tarso, cidade com estatuto romano, ele possuía cidadania romana por nascimento, o que era um privilégio raro e valioso.

    2. Quanto ao fato de ele ser fariseu, seria possível, segundo fontes judaicas, que ele também tivesse cidadania romana?

    – Fonte Histórica:

    A combinação da cidadania romana com a filiação ao movimento farisaico não era incompatível. O farisaísmo não exigia que seus membros renunciassem à cidadania romana, visto que o movimento era mais centrado na observância rigorosa da Torah do que em questões políticas. Fontes como Flávio Josefo e o Talmud indicam que muitos judeus, mesmo em círculos religiosos rigorosos como os fariseus, viviam sob o domínio romano e podiam possuir cidadania romana, especialmente em regiões fora da Judeia, como Cilícia (onde Paulo nasceu).

    3. De que maneira ele teria sido criado aos pés de Gamaliel?

    – Fonte Histórica:

    O historiador Flávio Josefo menciona Gamaliel como um dos principais mestres da Lei na época, respeitado tanto pelos judeus como pelos romanos. Embora Josefo não descreva diretamente o ensino de Paulo por Gamaliel, fontes rabínicas, como o Talmud, indicam que Gamaliel era um líder influente da escola farisaica, e muitos judeus de seu tempo, como Paulo, teriam sido educados sob sua tutoria. Isso sugeriria que Paulo foi educado em Jerusalém, com uma formação religiosa rigorosa, como era típico para jovens promissores da elite judaica.

    4. Com que idade ele poderia ter começado a ser ensinado por Gamaliel?

    – Fonte Histórica:

    Embora não haja uma menção direta à idade de Paulo, o Talmud sugere que a educação formal dos jovens judeus começava por volta dos 12 a 14 anos, especialmente para aqueles destinados a seguir carreiras religiosas. Como Paulo foi enviado para estudar em Jerusalém e tornar-se um mestre da Lei, é razoável supor que ele começou seu treinamento com Gamaliel entre os 12 e 16 anos, uma idade típica para estudar sob rabinos renomados.

    5. Por que Paulo perseguiu a “Igreja” (seguidores de Yeshua)?

    – Fonte Histórica:

    Flávio Josefo e outros historiadores romanos, como Tacitus, relatam que os discípulos de Yeshua eram inicialmente vistos pelos judeus como uma seita herética. A perseguição aos discípulos de Yeshua se deu principalmente por causa da ameaça que eles representavam para a pureza da fé judaica e suas práticas. Paulo, sendo um fariseu zeloso, via os seguidores de Yeshua como uma corrupção da Lei, e sua missão era erradicar essas práticas dissidentes para preservar a integridade do judaísmo tradicional.

    6. Como fariseu, ele era obrigado a casar?

    – Fonte Histórica:

    A obrigação de se casar entre os fariseus não era absoluta, mas altamente recomendada. A Mishná, um texto central do judaísmo rabínico, sugere que o casamento era visto como uma mitzvá (mandamento), mas a solteirice não era considerada pecaminosa, especialmente se a pessoa se dedicasse à oração ou ao estudo da Torah. No caso de Paulo, a decisão de não casar pode ser interpretada como uma escolha pessoal, focada em sua missão religiosa, embora não seja claro se ele foi casado em algum momento de sua vida.

    7. Paulo prendia discípulos de Yeshua e os entregava às autoridades judaicas. Com base em que autoridade ele poderia fazer isso?

    – Fonte Histórica:

    O Talmud e outros textos rabínicos indicam que o Sinédrio, a corte religiosa judaica, tinha autoridade para julgar e punir infrações religiosas dentro da comunidade judaica, incluindo questões envolvendo a blasfêmia ou heresia. Paulo, como membro proeminente da comunidade farisaica, teria recebido cartas de autorização do sumo sacerdote para prender os seguidores de Yeshua, como relatado em Atos 9:1-2. Essas cartas de autoridade eram reconhecidas dentro da comunidade judaica e permitiam que ele agisse com poder para erradicar a seita nascente.

    8. Após sua conversão a Yeshua, o apóstolo Paulo continuou ensinando a Torah ou passou a ensinar contra ela?

    – Fonte Histórica:

    A partir de fontes como Flávio Josefo e os escritos de Paulo (especialmente suas epístolas), sabemos que ele não ensinava contra a Torah, mas a via como apontando para a necessidade de um Messias. Ele reinterpretou a Lei à luz da fé através da vida e sacrifício de Yeshua. A mudança de perspectiva de Paulo sobre a Torah não era um abandono de seus ensinamentos, mas uma compreensão mais profunda de que Yeshua cumpria a promessa da Lei. Historiadores como E.P. Sanders e N.T. Wright discutem como Paulo reinterpretou a Torah no contexto da nova aliança no Messias, sem rejeitar a sua importância.

    Essas respostas são baseadas em fontes históricas e literárias de estudiosos como Flávio Josefo, Tacitus, E.P. Sanders, e outros estudiosos contemporâneos que analisam o contexto judaico e romano da época, sem recorrer diretamente aos textos bíblicos.

    Paulo não foi criado aos pés do rabino Yeshua, ao contrário dos outros doze apóstolos. Por isso, quando se encontravam, buscavam comunhão e alinhamento. Tiago, irmão de Yeshua, era visto, junto com Pedro, como um dos líderes da congregação dos seguidores de Yeshua.

    Após sua conversão, Paulo se encontrou com outros apóstolos, como Pedro (Kefa) e Tiago, irmão de Yeshua. Em Gálatas 1:18-19, Paulo descreve um encontro com Pedro em Jerusalém, e em Gálatas 2:9 ele menciona Tiago, Pedro e João como sendo considerados “colunas” da congregação de Yeshua. Paulo buscava alinhamento com os apóstolos, mas também havia tensões e desafios relacionados às diferenças sobre a aplicação da Torah, como a circuncisão dos gentios. Em Atos 15, vemos que os apóstolos e os anciãos de Jerusalém se reuniram para discutir esses temas e chegaram a um acordo sobre como os gentios deveriam ser tratados.

    Tiago, irmão de Yeshua (também chamado de “Tiago, o Justo”), desempenhou um papel proeminente na liderança da igreja em Jerusalém após a morte de Yeshua. Ele era considerado uma figura chave, especialmente entre os judeus discípulos de Yeshua. Pedro também foi uma figura importante na liderança inicial da igreja, e ambos, Tiago e Pedro, foram considerados como líderes entre os seguidores de Yeshua, como indicado em Atos 15 e em outras fontes históricas.

    Em Atos 21, Tiago e os anciãos da congregação de Yeshua fazem uma declaração importante sobre Paulo e a comunidade de Yeshua em Jerusalém:

    Atos 21:20-21:

    “Quando ouviram isso, glorificaram a Deus e disseram a Paulo: ‘Vês, irmão, quantos milhares de judeus há que creram; e todos são zelosos da Lei. Mas têm sido informados a teu respeito, de que ensinas a todos os judeus que estão entre os gentios a apostatar de Moisés, dizendo-lhes que não devem circuncidar seus filhos nem andar conforme os costumes. O que, pois, se há de fazer? Certamente ouvirão que tens chegado.’”

    Assim como ocorre hoje, muitos judeus blasfemavam contra Paulo, devido à ignorância e ao fato de terem sido influenciados por memórias de judeus que odiavam essa comunidade. Isso não difere de muitos que se dizem cristãos, mas negam a Torah.

    Rafael Ramos para a página Usina da Torah – Yeshua

    Shalom aleichem!