Autor: Rafael

  • Yeshua: o Colapso Quântico da História

    “Antes que Avraham existisse, Eu Sou.” — João 8:58


    O Tempo, o Observador e o Mistério

    Na física quântica, o tempo deixa de ser uma linha rígida — passado, presente e futuro tornam-se dimensões que se entrelaçam sob a influência do observador.


    O simples ato de observar colapsa a função de onda, transformando possibilidades em realidade.

    De modo análogo, nas Escrituras, a história humana é um campo de possibilidades espirituais que colapsa no Messias.


    Yeshua é o observador divino que entra na criação e redefine o sentido de toda a existência.

    “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” (João 1:1)

    A Encarnação não é apenas um evento temporal; é o ponto de intersecção entre o eterno e o temporal.


    Em Yeshua, o tempo se curva, e a vontade eterna de Deus se manifesta de dentro da criação.


    O Experimento da Escolha Retardada e a Redenção Eterna

    experimento da escolha retardada de Wheeler mostra que uma decisão feita no presente pode influenciar o comportamento de uma partícula como se ela já soubesse o futuro.


    O Messias cumpre esse mesmo princípio em escala cósmica.

    “O Cordeiro foi morto desde a fundação do mundo.” (Ap 13:8)

    O sacrifício de Yeshua, ocorrido em um momento histórico, retroage espiritualmente à origem do mundo, alterando a própria estrutura do tempo espiritual.


    Adão, Avraham, Moshe e os profetas passam a existir dentro de uma realidade reconfigurada pela cruz — uma “retrocausalidade divina”, em que o futuro redime o passado.

    O Zohar ensina que toda a criação foi formada em antecipação ao Justo (Zohar, Bereshit 6b), e que a luz do Messias precede o mundo (Zohar, I, 31b).


    Assim, antes mesmo da queda, a reparação (tikkun) já estava inscrita na estrutura da existência.


    O Messias como o Observador Divino

    Em física quântica, o observador não é passivo — ele determina a realidade que se manifesta.


    No plano espiritual, Yeshua é o olhar de Deus dentro do tempo.
    Ele é o Verbo que observa, interpreta e dá forma à criação.

    “Tudo foi feito por intermédio dEle, e sem Ele nada do que foi feito se fez.” (João 1:3)

    Tanya (cap. 36–37) explica que o propósito da criação é que o Infinito (Ein Sof) habite nas dimensões inferiores — ou seja, que o Divino se manifeste na matéria.


    Yeshua é esse propósito realizado: o olhar do Eterno encarnado, colapsando a dualidade entre céu e terra.


    A Decisão que Reescreve o Tempo

    No momento em que Yeshua entrega o espírito e diz “Está consumado” (João 19:30), o universo inteiro é reorganizado.


    É o instante em que o “campo quântico espiritual” colapsa na linha de redenção.

    “Eis que faço novas todas as coisas.” (Ap 21:5)

    A partir desse evento, a história deixa de ser apenas linear — passa a ser interpretada sob uma ótica messiânica.


    Cada profecia, cada geração, cada ato humano passa a se alinhar com o eixo Yeshua: o ponto fixo do tempo eterno.

    No Zohar (Vayikra 106a), está escrito que “quando o Justo se manifesta, o mundo se sustenta sobre ele e o tempo se renova”.


    Essa é a essência do colapso quântico: o Justo redefine o fluxo do tempo.


    O Passado, o Presente e o Futuro em Unidade

    O apóstolo Pedro expressa isso dizendo que, em Yeshua, “mil anos são como um dia, e um dia como mil anos” (2Pe 3:8).


    Na eternidade, não há separação entre antes e depois — tudo está presente diante do Eterno.

    Yeshua é o presente eterno de Deus.


    No Templo celestial, Seu sacrifício não se repete, mas permanece; o sangue fala continuamente (Hb 12:24).


    Ele é o colapso da história — o ponto onde todas as linhas temporais convergem e se reconciliam.


    O Colapso Quântico da Alma

    Assim como o universo colapsou em redenção, cada alma precisa viver seu próprio colapso — o momento em que as possibilidades se alinham à vontade do Criador.


    Quando alguém reconhece Yeshua, o passado é redimido, o presente é santificado e o futuro é revelado.

    “Se alguém está em Mashiach, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (2Co 5:17)

    A física descreve o colapso da onda; a fé vive o colapso da separação.


    O Messias é a convergência entre ciência e mistério, entre o Ser e o tempo.

    “O verbo se fez carne e habitou entre nós” — é o colapso quântico da história, onde o infinito toca o finito e o passado é restaurado pela luz do eterno agora.


    Conectando:

    Conceitos místicos judaicos (Zohar, Tanya, e o pensamento hassídico).

    Princípios da física quântica (retrocausalidade, colapso da função de onda, tempo não linear);

    Revelações bíblicas (desde Gênesis até Apocalipse);

    Shalom Aleichem!

  • O Evangelho do Reino

    O que sabemos?

    Efeito Dunning-Kruger.

    Esse é um fenômeno estudado em psicologia cognitiva, descrito pelos pesquisadores David Dunning e Justin Kruger em 1999. O efeito Dunning-Kruger mostra que pessoas com baixa habilidade ou pouco conhecimento em uma área tendem a superestimar sua própria competência, enquanto pessoas mais experientes ou especialistas costumam subestimar sua capacidade, por reconhecerem a complexidade do assunto.

    Em resumo:

    • Iniciantes: sabem pouco, mas acham que sabem muito.
    • Especialistas: sabem muito, mas percebem que ainda há muito a aprender, então tendem a ser mais humildes em suas avaliações.

    É comum representarem esse efeito em um gráfico chamado “a montanha da estupidez”, onde a confiança sobe rapidamente no início, depois despenca quando a pessoa percebe sua ignorância, e só volta a subir lentamente com aprendizado real.

    A sabedoria do Altíssimo não habita em qualquer consciência, nem se alcança apenas pelo acúmulo de conhecimento humano. Pois a Sabedoria é viva, como uma pessoa, e manifesta-se conforme a vontade do Pai. Ela é uno com Ele, e n’Ela não há mudança nem sombra de variação.

    Muitas vezes o homem é como um iniciante. No meu mundo, por exemplo, o da programação, há aqueles que se acham quase deuses; outros reconhecem que não sabem muito, mas usam o pouco que sabem como se fosse um título de superioridade sobre os demais. Existem também os que nada sabem de fato e, por fim, os que sabem muito, mas, com a humildade de um monge, procuram ensinar aos outros tudo o que aprenderam. É nesse pequeno mundo que medito sobre todas essas coisas.

    Olhar para as pessoas, procurar entendê-las e também me entender, usando a Palavra de Deus para refinar meu olhar — é assim que reconheço meus erros e minhas faltas. Por isso, minhas orações em busca de perdão não são hipocrisia nem falsa confissão, mas fruto da consciência de quão falho realmente sou.

    Até mesmo nas pessoas mais altruístas é possível perceber o cansaço da carne, que por vezes as leva a descuidar do outro em busca da própria preservação emocional.

    Quando volto meu olhar para outros contextos da vida, percebo que, no fundo, não somos tão diferentes assim. Aprendo muito ao meditar sobre a vida, buscando compreender a Sabedoria em cada detalhe do cotidiano. Quando me coloco na janela do prédio onde moro e observo, lá do alto, as pessoas tão pequeninas, os inúmeros carros nas ruas, as casas sem fim — cada uma com sua história, suas alegrias e dores, famílias unidas e desunidas, igrejas espalhadas pelos bairros — é então, nesses instantes, que medito na Palavra, em busca de compreensão, entendimento e sabedoria.

    Seja no trabalho, na vida dos amigos e conhecidos, na minha família ou mesmo do alto de um prédio, nem sempre enxergo a Sabedoria de Deus. Ainda assim, consigo perceber a bondade d’Ele atravessando todas essas realidades. Ao mesmo tempo, vejo a maldade, a humildade, a estupidez, a ganância, a soberba… e também o consolo. Mesmo no caos, é possível notar, ao menos, o desejo de que Ele esteja presente; caso contrário, tudo pareceria tão frágil, como uma ordem que, ao se desalinhar, traria uma destruição imparável.

    Tudo isso lhe soa familiar?

    Em muitas épocas, aguardamos ansiosos o Reino de Deus, ainda que fosse dito:

    “O Reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Ei-lo ali! Pois o Reino de Deus está dentro de vós (ou entre vós).” Lucas 17:20–21

    “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. A ardente expectativa da criação aguarda a manifestação dos filhos de Deus.” Romanos 8:18–19

    “O mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos; aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, a esperança da glória.” Colossenses 1:26–27

    “Porque o Reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder.” 1 Coríntios 4:20

    Muitas vezes, ao ler um estudo de alguém, pulamos textos ou versículos que já conhecemos. Ainda assim, insisto: leiam-nos com atenção, pois há segredos revelados nessas palavras.

    Para compreender melhor, vamos lembrar das palavras do Rei:

    “E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.” Mateus 24:14

    Falamos do evangelho, das boas novas, da Graça, do perdão, do favor imerecido, das instruções divinas que acompanham o Reino. Mencionamos o evangelho da circuncisão e o da incircuncisão, sobre os quais Paulo afirma não haver diferença (Gálatas 1:7).

    Mas temos realmente uma compreensão clara dessas coisas, ou nos contentamos em criar imagens subjetivas e abstratas daquilo que lemos ou ouvimos?

    O capítulo 24 de Mateus é o chamado Discurso do Monte das Oliveiras, onde Yeshua responde a três perguntas dos discípulos (Mt 24:3):

    1. Quando será a destruição do Templo?
    2. Qual será o sinal da Tua vinda?
    3. E do fim do mundo/era?

    Yeshua descreve guerras, terremotos, perseguições, falsos messias e o aumento da iniquidade. No meio disso, Ele fala do evangelho do reino que precisa ser proclamado a todas as nações antes do fim.

    Que “evangelho” é este?

    A palavra “evangelho” (εὐαγγέλιον – euangélion) significa “boas novas”.

    Mas não é qualquer evangelho (não é “um evangelho da graça desligado do Reino de Deus”). Yeshua fala do “Evangelho do Reino” (τὸ εὐαγγέλιον τῆς βασιλείας).

    Ou seja:

    • Não é apenas sobre salvação individual, mas sobre o governo de Deus sobre toda a criação.
    • É o cumprimento das profecias do Tanach sobre o reinado de Deus através do Messias (Daniel 2:44; Isaías 52:7; Zacarias 14).
    • Anuncia que YHWH é Rei, que Seu Messias governa, e que haverá restauração de Israel e das nações sob esse Reino.

    Onde mais aparece “evangelho do Reino”?

    Mateus destaca isso várias vezes:

    • Mateus 4:23 – Yeshua pregava “o evangelho do Reino” e curava os enfermos.
    • Mateus 9:35 – novamente, pregava o evangelho do Reino.
    • Mateus 24:14 – será pregado em todo o mundo.
    • Mateus 28:19-20 – a missão de discipular todas as nações (cumprimento dessa profecia).

    Portanto, é um anúncio de que:

    1. O Reino já havia irrompido em Yeshua (presente).
    2. Mas ainda aguarda sua plenitude na vinda futura (escatológico).

    Universalidade da mensagem

    Yeshua conecta esse anúncio ao plano de Deus revelado a Abraão:

    “em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12:3).

    O evangelho do Reino não é apenas para Israel, mas para todas as nações (Isaías 49:6 – o Servo do Senhor é “luz para os gentios”).

    “E então virá o fim”

    Esse é um sinal escatológico: a proclamação global do Reino antecede a consumação da era.

    • “Fim” aqui não significa “aniquilação do mundo”, mas o fim de uma era (αἰών – aiōn), e a inauguração plena da era messiânica.

    O “evangelho” em Mateus 24:14 é o Evangelho do Reino de Deus – as boas novas de que YHWH reina, que Seu Messias Yeshua governa, e que o Reino será plenamente estabelecido sobre Israel e todas as nações. Esse anúncio precisa alcançar o mundo inteiro antes da consumação da era e da vinda final do Rei.

    1. Mateus 4:17

    “Arrependei-vos, porque o Reino dos céus está próximo.”

    Aqui Yeshua anuncia a chegada do Reino. A ênfase é no Reino de Deus que está próximo, ligado à Torah de Moisés, pois o arrependimento é chamado segundo a Lei.

    1. Mateus 4:23

    “E percorria Jesus toda a Galileia, pregando o evangelho do Reino e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.”

    • Yeshua combina ensino sobre o Reino com ações concretas de restauração, mostrando que o Reino é vida, cura e justiça, não apenas palavras.
    1. Mateus 9:35

    “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do Reino e curando toda enfermidade e moléstia entre o povo.”

    • Reforça que o ensino estava sempre dentro da comunidade de Israel e baseado na Torah, mas trazendo o cumprimento messiânico.
    1. Mateus 24:14

    “E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo…”

    • Aqui vemos a missão universal: o Reino ainda é anunciado ao mundo todo.

    O “evangelho do Reino” é a boa notícia de que o Reino prometido na Torah e pelos profetas está chegando com o Messias:

    • Cumprimento de promessas a Abraão (Gn 12:3; Gn 22:18).
    • Restabelecimento do governo de Deus sobre Israel e todas as nações (Daniel 2:44; Isaías 52:7).

    Portanto: não é uma doutrina separada da Torah, mas a proclamação da Torah cumprida no Messias, com acesso a todas as nações.

    O Evangelho do Reino, conforme anunciado por Yeshua, não é algo separado da Torah, mas a sua plena realização e cumprimento no Messias. Cada ensinamento de Yeshua, cada palavra de arrependimento e promessa de restauração, está enraizado nas Escrituras e revela a vontade do Pai para toda a criação.

    Quando Yeshua diz:

    “Está escrito: o homem não viverá só de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mateus 4:4),

    Ele nos lembra que a vida verdadeira não vem apenas de necessidades físicas ou de conceitos humanos de espiritualidade. A vida plena se encontra na obediência e na vivência da Palavra de Deus, que é a Torah e as promessas do Reino cumpridas em Yeshua.

    Assim, o evangelho do Reino é boa notícia e caminho de vida:

    • É a proclamação de que YHWH reina e que o Messias estabelece Seu governo.
    • É uma vida guiada pelos princípios da Torah, agora revelados em seu cumprimento messiânico.
    • É a promessa de que o Reino será plenamente manifestado a Israel e a todas as nações.

    Portanto, anunciar o evangelho do Reino é anunciar a Torah viva em ação. Quem deseja viver no Reino não pode separar a mensagem do Messias da Palavra de Deus; pois, como Yeshua ensinou, a verdadeira vida depende de cada palavra que vem de Deus, e é nessa Palavra que encontramos sabedoria, restauração e a esperança escatológica que transcende os tempos.

    Muitas vezes, nos deparamos com o que achamos que sabemos, confiantes em nosso próprio entendimento, sem percebermos o quanto nos falta. É o que a psicologia chama de efeito Dunning-Kruger: aqueles com pouco conhecimento tendem a superestimar sua competência, enquanto os mais experientes reconhecem a vastidão do que ignoram.

    É nesse contraste que se revela a pureza da Sabedoria de Deus. Ela não se curva à ignorância nem ao orgulho humano; sua manifestação é íntegra, perfeita e independente de nossas avaliações. A verdadeira sabedoria não é apenas conhecer, mas permitir-se ser conduzido por Ela, reconhecendo que nossa compreensão é sempre limitada diante de Sua perfeição.

  • Estudo: As Raízes Judaicas do Povo Nordestino – Identidade, Cultura e Memória Oculta

    Ovelhas perdidas da casa de Israel

    Graça e paz, irmãos e amigos. Shalom, shalom.

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    Introdução

    O povo nordestino é conhecido por sua resiliência, fé, alegria e profunda ligação com suas raízes culturais. No entanto, há um aspecto pouco explorado da identidade nordestina: a possível origem judaica de muitos de seus habitantes. Diversos historiadores e pesquisadores apontam que muitos nordestinos são descendentes de judeus sefarditas que vieram ao Brasil fugindo da Inquisição. Esses judeus, chamados “cristãos-novos”, esconderam sua fé por gerações, mas deixaram marcas profundas na cultura regional — algumas delas perceptíveis até hoje.


    1. A presença judaica no Brasil Colonial

    Cristãos-Novos e a Inquisição

    • Durante os séculos XV e XVI, muitos judeus foram forçados a se converter ao cristianismo em Portugal e na Espanha.
    • Esses judeus convertidos — os cristãos-novos — vieram para o Brasil, especialmente para o Nordeste, buscando liberdade religiosa e segurança.
    • A Inquisição perseguiu muitos desses cristãos-novos no Brasil, principalmente em Pernambuco, Bahia e Ceará.

    Símbolos e práticas preservadas em segredo

    • Apesar da perseguição, muitos mantiveram práticas judaicas escondidas — como acender velas na sexta-feira à noite no início do Shabat, evitar carne de porco, purificar alimentos e até usar nomes simbólicos ligados ao hebraico.
    • Fazer e separar o primeiro pedaço de pãoHá relatos de mulheres nordestinas que:
      • Faziam pão em casa, especialmente em dias específicos.
      • Separavam um pedacinho da massa e queimavam no fogo do fogão a lenha.
      • Isso tem semelhança direta com o mitzvá de “hafrashat challah”, a separação de uma porção da massa para D’us (Bamidbar/Números 15:20).
    • Banho antes do pôr do sol na sextaAlgumas famílias ensinavam:
      • Que na sexta-feira, “não se pode entrar o dia da noite sem tomar banho”.
      • Isso pode refletir a purificação ritual pré-Shabat, conforme os costumes de judeus sefarditas.
    • Orar voltado para o lesteNo Sertão e em vilarejos antigos, há registros orais de pessoas que:
      • Sempre rezavam voltadas para o nascente (leste).
      • Na tradição judaica, os judeus da Diáspora se voltam para Jerusalém — no Brasil, isso é para o leste/nordeste.
    • Evitar carne de porco sem saber por quê
      • Muitos descendentes de cristãos-novos no Nordeste evitavam carne de porco, dizendo:
        “Aqui em casa nunca se comeu porco” ou “faz mal”.
      • Isso é um resquício claro da kashrut (lei alimentar judaica), mesmo que já não se conhecesse o motivo original.
    • Nomear filhos com nomes bíblicos antigosMesmo em regiões de forte influência católica, é comum encontrar:
      • Nomes como Isaías, Moisés, Efraim, Levi, Josué, etc.
      • Isso pode ser herança direta de judeus ocultos, que mantinham a memória dos patriarcas.
    • Música nordestina com temas de seca, exílio, terra prometidaMúsicas como Asa Branca e outras composições de Luiz Gonzaga falam de:
      • Exílio forçado, fome, esperança de retorno à terra, sinais do céu, pássaros migrando.
      • São temas profundamente presentes no Tanach (Bíblia Hebraica) — o exílio do povo judeu e a promessa de retorno.
    • A tradição de varrer a casa sem deixar o lixo sair pela porta da frente é bastante comum no Nordeste — e também em outras regiões do Brasil —, geralmente associada à ideia de “não varrer a sorte para fora”. Mas, em contextos judaicos (especialmente entre judeus sefarditas e descendentes de cristãos-novos), ela pode ter raízes mais profundas, ligadas a práticas de pureza, proteção e bênçãos.
    • Preocupação com a entrada da casa
      • Na Torah, a porta da casa é um lugar sagrado:
        • É onde se coloca a mezuzá (Deuteronômio 6:9).
        • É por onde entram e saem as bênçãos.
        • Também é símbolo de proteção espiritual (Êxodo 12:7 — sangue nos umbrais).
      • Jogar impureza pela porta poderia ser visto como profanar a entrada sagrada do lar.
    • “Não aponte o dedo para a estrela, senão nasce verruga.”
      • Essa frase era dita especialmente por mulheres mais velhas — muitas vezes descendentes de judeus sefarditas que fugiram da Inquisição — e costuma ser repetida para as crianças durante o Shabat, quando as primeiras estrelas aparecem no céu e marca-se o fim do dia santo.Ao dizer às crianças “não aponta pra estrela senão nasce verruga”, estavam:
        • Protegendo a tradição sem chamar atenção.
        • Ensinando reverência aos sinais celestes (como o fim do Shabat).
        • Mantendo um ensinamento esotérico sem expor sua origem judaica.

    2. O Nordeste e a Cultura com traços judaicos

    Vestimentas e símbolos

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    • O chapéu de couro nordestino, com sua forma arredondada e encaixada na cabeça, tem sido comparado ao kipá (solidéu judaico), símbolo de temor a Deus e humildade.
    • Alguns estudiosos falam de “kipá disfarçado de chapéu” como um símbolo que resistiu à assimilação forçada.
    • As franjas laterais representam o Peot (ou Payot, פֵּאוֹת)
    • Peot (às vezes transliterado como peiyot, payos ou peios) são as mechas ou franjas laterais do cabelo, usadas por judeus — especialmente os ortodoxos e hassídicos — em obediência a um mandamento da Torah:“Não cortareis arredondando os cantos de vossa cabeça, nem danificareis as extremidades de vossa barba.”
      Vayicrá (Levítico) 19:27Esse versículo é interpretado, principalmente no Talmud (Makkot 20a), como proibição de raspar os lados da cabeça, levando ao costume de deixar crescer as franjas laterais.
    • As franjas na parte de trás representando o Tzitzit
    • Tzitzit são os cordões/franjas rituais fixados nas quatro extremidades de uma roupa especial chamada tallit (ou tallit katan, se usada por baixo da roupa), conforme o mandamento da Torah:“Faze para ti franjas (tzitzit) nas quatro extremidades da tua vestimenta com que te cobres.”
      Devarim (Deuteronômio) 22:12E também:“E será para vós por tzitzit, para que os vejais e vos lembreis de todos os mandamentos do Eterno, e os cumprais…”
      Bamidbar (Números) 15:38-40

    COSTUME: Jogar fora a água da casa quando alguém morre

    No Nordeste do Brasil, é comum ouvir:

    “Morreu? Tem que jogar fora toda a água da casa!”
    “Não pode beber daquela água depois da morte, dá azar.”
    “Água parada com defunto na casa traz coisa ruim.”

    Esse costume está profundamente enraizado na tradição popular — especialmente em zonas rurais e sertanejas. Mas de onde ele pode vir?

    POSSÍVEL RAIZ JUDAICA – Halachá sobre a morte

    No judaísmo, existem leis muito específicas sobre pureza ritual (tahará e tumá) relacionadas à morte.

    • Quando alguém morre, o local onde o corpo está se torna ritualmente impuro (טָמֵא tamê).
    • Toda água descoberta naquele ambiente também é considerada impura (segundo tradições talmúdicas e haláchicas).
    • Essa impureza se estende a utensílios, alimentos e até pessoas.

    No Talmud (Tratado Avodah Zarah 69a), por exemplo, há menções à proibição de beber água deixada descoberta na presença de um morto.

    “Qualquer água exposta ao espírito da morte (ruach ra’ah) deve ser descartada.”

    Isso se conecta com a ideia de que a alma, ao deixar o corpo, pode passar pela água ou que a água retém alguma energia da morte — o que explicaria a superstição no Nordeste.

    O ato de jogar água fora após a morte pode ter sido uma forma codificada de manter a halachá, sem levantar suspeitas.

    Com o tempo, isso foi absorvido pelo folclore local, mas com explicações mais supersticiosas (como medo de alma penada, mau agouro etc.).

    • Em comunidades judaicas do Iêmen, Irã e Portugal, também se jogava fora água e alimentos de ambientes onde havia morrido alguém.
    • Entre cristãos-novos em Portugal, isso foi documentado por inquisidores como “costume judaizante”.
    • Entre os muçulmanos também há práticas semelhantes, reforçando o contexto semita.

    Culinária

    • Pratos como carne seca com feijão verde têm raízes em métodos antigos de conservação kosher.
    • A ausência de carne suína em várias tradições culinárias familiares pode ser uma memória ancestral da kashrut (leis dietéticas judaicas).

    3. Luiz Gonzaga e o espírito do povo

    Luiz Gonzaga – O Rei do Baião

    • Nascido na cidade Exu (PE), Luiz Gonzaga é um dos maiores ícones da música brasileira.
    • Compositor da famosa música “Asa Branca”, suas letras exaltam o sertão, a esperança e a saudade da terra.
    • Há indícios de que sua linhagem pode ter raízes em famílias de cristãos-novos, como tantas outras na região.

    Música como herança espiritual

    • A saudade da terra e o sofrimento pela seca em suas músicas ressoam com a memória de exílio presente no povo judeu, especialmente nas orações de retorno a Sião.
    • A esperança na chuva lembra os tempos bíblicos, como as preces por chuva em Israel.

    4. O sertanejo e o judeu – paralelos espirituais


    5. Outros indícios culturais

    • Tradições familiares de acender velas, lavar alimentos com sal, cobrir espelhos em luto e enterrar rapidamente os mortos são encontradas em famílias nordestinas e têm paralelos com costumes judaicos.

    6. O Despertar da Identidade

    Hoje, muitos nordestinos estão redescobrindo suas raízes e procurando entender melhor suas tradições. Em várias cidades do interior de Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte, há comunidades que estão retornando ao judaísmo, descobrindo que suas práticas familiares tinham base na Torah.


    Conclusão

    O povo nordestino carrega em si uma herança rica, que mistura fé, resistência e cultura. Ao olharmos com atenção, percebemos que a alma do sertanejo pode guardar os ecos de uma história milenar: a de um povo que, mesmo longe de sua terra original, manteve acesa a chama da espiritualidade e da identidade.

    A Restauração de Israel: Promessa do Retorno

    A promessa de Deus de trazer o povo de Israel de volta à sua terra é messiânica — e aparece muitas vezes nas Escrituras, especialmente nos profetas. Essa promessa está intimamente ligada ao tempo do Mashiach (Messias), ao fim do exílio e à restauração plena de Israel.

    1. Promessa da Volta do Exílio como Sinal Messiânico

    Ezequiel 37:21–22

    “E lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu tomarei os filhos de Israel de entre as nações para onde foram, e os congregarei de todos os lados, e os trarei para a sua terra.
    E farei deles uma só nação na terra, nos montes de Israel, e um só rei será rei de todos eles…”

    Esse texto aparece logo antes da visão do Messias “Meu servo Davi” (v.24), unificando o povo. Ou seja, a volta à terra é parte do processo messiânico.

    2. Deuteronômio 30:3-6 – Teshuvá e Redenção

    “…o Senhor teu Deus te trará de novo do cativeiro, e se compadecerá de ti, e te tornará a ajuntar de todas as nações entre as quais te espalhou…
    E o Senhor teu Deus circuncidará o teu coração… para que vivas.”

    Esse trecho é considerado pelos sábios como um prenúncio messiânico:

    • Primeiro vem o arrependimento (teshuvá) do povo.
    • Depois, a redenção nacional.

    3. Jeremias 23:3-6 – Ajuntamento e o Renovo

    “E eu mesmo reunirei o remanescente das minhas ovelhas de todas as terras…
    …E levantarei sobre elas um Renovo justo; e reinará como Rei, e agirá sabiamente…”

    Aqui vemos dois elementos fundamentais:

    1. Reunião dos exilados.
    2. Reinado do Renovo de Davi — o Messias.

    4. Isaías 11:11-12

    “Naquele dia o Senhor tornará a estender a mão para resgatar o restante do seu povo…
    …e levantará um estandarte entre as nações, e congregará os dispersos de Israel…”

    • Esse capítulo fala claramente do Mashiach vindo do “tronco de Jessé” (v.1).
    • O ajuntamento dos dispersos é parte da missão messiânica.

    5. Talmud e Midrash

    O Talmud (Sanhedrin 98a) e vários Midrashim afirmam que:

    “Não há sinal mais claro da vinda do Messias do que a reunião dos exilados.”

    O Rambam (Maimônides), em Hilchot Melachim (Leis dos Reis), capítulo 11, diz:

    “Se surgir um rei da casa de Davi… que reúna os exilados de Israel… então é, com certeza, o Messias.”


    O retorno do povo de Israel à sua terra é uma promessa messiânica fundamental. Não é apenas uma restauração territorial, mas um movimento espiritual e profético que culmina com a vinda do Rei Messias, a redenção final e o reinado de paz.


    Referências e sugestões para aprofundamento

    • Livro: Cristãos-Novos no Brasil – Anita Novinsky https://editoraperspectiva.com.br/produtos/cristaos-novos-na-bahia/
    • Documentário: A Estrela Oculta do Sertão (disponível online)
    • Artigos do Instituto Bnei Anussim e Shavei Israel
    • Estudos genealógicos da região de Pernambuco e Paraíba
    • Midrashim e textos sobre o exílio sefardita

    Sociedades Secretas

    Ao longo da história, especialmente durante o período da Inquisição e de perseguições aos judeus, surgiram diversas sociedades secretas e movimentos ocultos entre os judeus cripto-sefarditas (aqueles que praticavam o judaísmo em segredo para evitar a perseguição). Esses grupos eram compostos por descendentes de judeus forçados a se converter ao cristianismo mas que continuavam a manter as tradições judaicas de maneira disfarçada.

    Sociedades Secretas entre os Judeus Cripto-Judeus

    1. Os Marranos (ou Cristãos-Novos):
      • Durante a Inquisição Espanhola (séculos 15-17), muitos judeus foram forçados a se converter ao cristianismo. Esses judeus, conhecidos como marranos ou cristãos-novos, eram frequentemente perseguidos pela Igreja Católica, mas continuaram a praticar o judaísmo em segredo.
      • Para proteger sua identidade e seus rituais, formaram sociedades secretas para transmitir os ensinamentos judaicos e as práticas religiosas sem chamar a atenção das autoridades.
      • Muitas vezes, essas sociedades secretas operavam de maneira clandestina, com códigos secretos, símbolos e rituais que lembravam a tradição judaica, mas que eram disfarçados de acordo com as normas cristãs da época.

    1. A Kabbalah e os Movimentos Ocultos:
      • A Kabbalah, uma forma de misticismo judaico, tem sido associada ao ocultismo em várias tradições esotéricas. No século 16, com a disseminação da Kabbalah em várias partes da Europa, especialmente entre os judeus sefarditas e os cristãos conversos, surgiram movimentos secretos e esotéricos que se baseavam em conceitos cabalísticos.
      • Esses grupos frequentemente misturavam a Kabbalah judaica com outras tradições esotéricas, criando uma forma de conhecimento oculto que era transmitido apenas entre os membros iniciados.

    1. Os Marranos e as Práticas Secretas:
      • Muitos judeus que se converteram ao cristianismo ainda mantinham práticas judaicas secretas, como a observância do Shabat, a separação de carne e leite, e a celebração das festas judaicas. Essas práticas eram realizadas disfarçadas sob a aparência de costumes cristãos.
      • Isso criava uma cultura oculta, onde os descendentes de judeus continuavam a se identificar com a tradição judaica, embora de forma secreta.

    1. A Maçonaria:
      • A Maçonaria tem uma conexão histórica com o judaísmo, especialmente com os judeus sefarditas e os cristãos-novos. Alguns estudiosos acreditam que os maçons têm raízes nos antigos mestres construtores judeus e, em algumas vertentes da maçonaria, existem símbolos e práticas que lembram os rituais judaicos.
      • A maçonaria, em muitos casos, foi vista como uma forma de sociedade secreta onde a identidade judaica poderia ser preservada disfarçadamente, especialmente no contexto das perseguições da Inquisição.

    1. Os Crypto-Jews e Suas Conexões com Movimentos Espirituais:
      • Em várias partes do mundo, os judeus cripto-sefarditas estavam envolvidos em movimentos espirituais e filosóficos, como o Racionalismo e o Esoterismo.
      • Esses movimentos muitas vezes viam a sabedoria judaica e a tradição mística como uma fonte de conhecimento oculto e estavam profundamente conectados com as sociedades secretas que floresceram durante o Renascimento e a Idade Moderna.

    Conexões com o Nordeste Brasileiro

    No caso do Nordeste do Brasil, onde muitos descendentes de judeus sefarditas (os chamados cristãos-novos ou marranos) se estabeleceram, muitos desses grupos esotéricos e secretistas podem ter influenciado práticas culturais locais, com símbolos, códigos e rituais que lembram o judaísmo oculto. As tradições de secretismo e preservação da identidade judaica podem ser vistas nas práticas espirituais, rituais familiares e até em certos símbolos culturais.


    Resumindo:

    Sociedades secretas existiram entre os judeus, especialmente no período da Inquisição, onde os judeus forçados a se converter ao cristianismo criaram movimentos ocultos e secretos para preservar suas tradições. Muitos desses grupos também estavam relacionados com movimentos esotéricos e cabala. Essas sociedades secretas se mantiveram discretas para evitar a perseguição religiosa e preservar a identidade judaica.

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    Shalom aleichem!

    Luiz Gonzaga – Wikipédia, a enciclopédia livre

    Asa Branca – Canção de Luiz Gonzaga

    Quando oiei’ a terra ardendo
    Qual fogueira de São João
    Eu preguntei’ a Deus do céu, uai
    Por que tamanha judiação?
    Eu preguntei’ a Deus do céu, uai
    Por que tamanha judiação?

    Que braseiro, que fornaia’
    Nenhum pé de prantação’
    Por farta’ d’água perdi meu gado
    Morreu de sede meu alazão
    Por farta’ d’água perdi meu gado
    Morreu de sede meu alazão

    Inté’ mesmo a asa branca
    Bateu asas do sertão
    Entonce’ eu disse: adeus, Rosinha
    Guarda contigo meu coração
    Entonce’ eu disse: adeus, Rosinha
    Guarda contigo meu coração

    Hoje longe, muitas légua
    Numa triste solidão
    Espero a chuva cair de novo
    Pra mim vortar’ pro meu sertão
    Espero a chuva cair de novo
    Pra mim vortar’ pro meu sertão

    Quando o verde dos teus óio’
    Se espaiar’ na prantação’
    Eu te asseguro, não chore, não, viu
    Que eu vortarei’, viu, meu coração
    Eu te asseguro, não chore, não, viu
    Que eu vortarei’, viu, meu coração

  • Lançai a rede para o lado direito do barco, e achareis.

    “Vinde após mim e vos farei pescadores de homens”

    Lançai a rede para o lado direito do barco, e achareis.”Vinde após mim e vos farei pescadores de homens”

    Graça e paz, irmãos e amigos. Shalom, shalom.

    A frase “Vinde após mim e vos farei pescadores de homens” foi dita por Yeshua (Jesus) e está registrada nos Evangelhos, especificamente em Mateus 4:19 e Marcos 1:17. Esse convite foi feito aos irmãos Pedro e André, pescadores, enquanto lançavam redes ao mar.

    “Pescadores de homens”

    Um símbolo poderoso: assim como pescadores tiram os peixes do mar, os discípulos trariam pessoas das “águas” do mundo para a vida no Reino de Deus.

    Essa metáfora conecta a vocação natural deles (pescar) com a missão espiritual que Yeshua lhes daria.

    Jeremias 16:16: “Eis que mandarei muitos pescadores, diz o Senhor, e eles os pescarão…”

    Aqui, Deus fala de “pescadores” como agentes de Sua obra.

    Agora, vamos analisar mais a fundo essa analogia, que marca o início do cumprimento de uma profecia que provavelmente Jacó já havia vislumbrado.

    Gênesis 48

    Jacó, já idoso e perto da morte, é informado de que José trouxe seus dois filhos, Manassés e Efraim, para que fossem abençoados (versículo 1).

    Jacó adota os dois filhos de José como seus próprios, dizendo:

    “Agora, os teus dois filhos, que te nasceram na terra do Egito, antes que eu viesse para cá, são meus; Efraim e Manassés serão meus, como Rúben e Simeão.” (Gênesis 48:5)

    Isso eleva Efraim e Manassés ao nível dos outros filhos de Jacó, garantindo-lhes herança entre as tribos de Israel.

    Por isso eles aparecem muitas vezes entre os 12 filhos de Jacó.

    Quando Jacó vai abençoar os meninos, ele cruza os braços, colocando a mão direita sobre a cabeça de Efraim (o mais novo) e a esquerda sobre Manassés (o mais velho). Isso surpreende José, que tenta corrigir Jacó, mas ele responde:

    “Eu sei, meu filho, eu sei. Ele também se tornará um povo, e também será grande; contudo, o seu irmão mais novo será maior do que ele, e a sua descendência será uma multidão de nações.” (Gênesis 48:19)

    Veja bem, Efraim será maior, serão muitos.

    A descendência de Efraim, será como uma multidão de nações. “Goyim” (גּוֹיִם): É a palavra hebraica usada para “nações” no plural. No singular, seria “goy” (גּוֹי), que literalmente significa “nação” ou “povo”.

    “Melo-ha-goyim” (מְלֹא־הַגּוֹיִם): Traduzido como “plenitude de nações ou gentios”. A expressão sugere uma multiplicação abundante, indicando que a descendência de Efraim seria tão vasta que englobaria muitas nações.

    “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério, para que não sejais sábios aos vossos próprios olhos: que o endurecimento parcial de Israel durou até que a plenitude dos gentios tenha entrado. E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: ‘Virá de Sião o Libertador; ele afastará de Jacó as impiedades.’” Romanos 11:25-26

    A palavra “goyim” (גּוֹיִם) é comumente traduzida como “gentios”, mas o seu significado original no hebraico é mais amplo e simplesmente significa “nações” ou “povos”

    Isaías 60:3: “E as nações (goyim) caminharão à tua luz…”

    Jacó abençoa os dois, dizendo:

    “E abençoou a José e disse: O Deus, em cuja presença andaram os meus pais Abraão e Isaque, o Deus que me sustentou, desde que eu nasci até este dia, o Anjo que me livrou de todo o mal, abençoe estes rapazes; e seja chamado neles o meu nome e o nome de meus pais Abraão e Isaque; e multipliquem-se, como peixes em multidão, no meio da terra.” (Gênesis 48:15-16)

    Nessa passagem temos pelo menos 3 pontos muito importantes e proféticos, que vamos abordar nesse estudo.

    1 – Efraim, que será muitas nações, multidões de gentios.

    2 – Jacó coloca a benção da premogenitura sobre ele, usando a mão direita.

    3 – Multiplicará como peixes em multidão.

    Vamos relembrar agora o que ocorre em Israel depois dessas coisas.

    1 – Primeiro rei de Israel, Saul

    2 – Segundo rei de Israel, Davi

    3 – Terceiro rei de Israel, Salomão

    Após a morte de Salomão, o reino de Israel se divide em dois: o Reino do Sul, liderado por Judá e também por Benjamim, e o Reino do Norte, liderado por Efraim, junto com as outras dez tribos de Israel.

    Nas Escrituras, o Reino do Norte é chamado de Casa de Israel, e o Reino do Sul, de Casa de Judá.

    Após essa divisão, a Casa de Israel (Efraim) cai em idolatria, adorando outros deuses e se afastando do Criador. São então dominados pelos assírios.

    A Casa de Judá, também transgride a Torah, e é levada cativa para Babilônia.

    Mais tarde, todos eles acabam sendo dominados por Babilônia.

    Dentro desse contexto de divisão entre o Reino do Norte e o Reino do Sul, Deus levanta profetas como Jeremias, Isaías e outros, para anunciar uma nova aliança.

    Essa nova aliança, que conhecemos através de Yeshua, afirma que Deus colocaria Sua Lei no coração de Israel e Judá, e que Ele seria o seu Deus, e eles seriam Seu povo.

    Jeremias 31:9:

    “Com choro virão, e com súplicas os farei voltar; conduzirei-os pelos rios de águas, por um caminho plano em que não tropeçarão, porque eu sou para Israel como pai, e Efraim é o meu primogênito.”

    Jeremias 31:31-33:

    31 “Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que farei uma nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá;

    32 não conforme a aliança que fiz com seus pais no dia em que os tomei pela mão para os tirar da terra do Egito, a qual eles quebraram, embora eu fosse o seu marido, diz o Senhor.

    33 Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.”

    Essa profecia é confirmada como a nova aliança em Hebreus 8:8-12 e também em Hebreus 10:16-17.

    Ela também é mencionada por Ezequiel (Ezequiel 36:26-27), que fala sobre colocar o Espírito de Deus no coração deles, a fim de que guardem Seus estatutos e juízos.

    Esse é justamente o entendimento que o apóstolo Paulo tem sobre o cumprimento profético através do Messias: agora, pelo Espírito, a Lei será revelada, não apenas escrita, mas Deus mesmo ensinará aos corações a Sua Lei.

    Por isso, Yeshua diz: “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita. As palavras que eu vos disse são espírito e vida.” (João 6:63)

    Agora, o que tudo isso tem a ver com pescaria?

    Quando Yeshua chama Seus discípulos, Ele vai ao encontro de dois pescadores, Pedro e André.

    Pedro e André estavam pescando naquele dia, mas não haviam pescado nenhum peixe (Lucas 5:1-11).

    Yeshua instrui-os a lançar as redes.

    “5 Simão (Pedro) respondeu-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sobre a tua palavra, lançarei as redes.”

    “6 E, fazendo assim, pegaram grande quantidade de peixes, e as redes se rompiam.

    7 Então fizeram sinais aos companheiros no outro barco, para que os ajudassem, e vieram e encheram ambos os barcos, a ponto de quase a naufragar.”

    “(…) todos os que com ele estavam, 10 igualmente de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão.”

    Lembram-se dos três pontos importantes que mencionei sobre a bênção de Jacó a Efraim?

    1 – Efraim, será muitas nações, multidões de gentios.

    2 – Jacó coloca a benção da premogenitura sobre ele, usando a mão direita.

    3 – Multiplicará como peixes em multidão.

    Vamos ver uma outra pesca, citada em João 21

    João 21:6:

    “Ele lhes disse: Lançai a rede para o lado direito do barco, e achareis. Lançaram, pois, e já não podiam puxá-la, pela grande quantidade de peixes.”

    A pesca descrita em Lucas 5:4 e em João 21:6 não é a mesma, embora ambas envolvam milagres de pesca feitos por Yeshua (Jesus). Elas têm algumas semelhanças, mas ocorrem em momentos diferentes e com contextos distintos.

    Em Lucas 5:4-11 ocorre no início do ministério de Yeshua.

    Em João 21:6 ocorre após a ressurreição de Yeshua, quando os discípulos já estavam familiarizados com Ele, mas ainda estavam tentando entender totalmente o significado da ressurreição.

    O foco está na restauração de Pedro e na reafirmação da missão de alimentar as “ovelhas” de Jesus (João 21:15-17).

    Observe que há uma diferença entre as duas pescarias. Na primeira, Yeshua não indica o lado para lançar as redes.

    Já na segunda, Ele aponta para o lado direito.

    Na primeira pesca, há uma grande quantidade de peixes, sem distinção entre os peixes puros (aqueles com escamas e barbatanas) e os peixes impuros.Na primeira as redes se rompem.

    Na segunda pesca, já vemos uma contagem precisa dos peixes.

    João 21:11:

    “Simão Pedro subiu e puxou a rede para a terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de serem tantos, a rede não se rompeu.”

    Com base na interpretação desses textos, que não são nada simples, mas sim profundos, espirituais e proféticos, sem dúvida nos lembramos de Efraim.

    Afinal, a nova aliança trata da restauração das casas de Israel e Judá.

    Mateus 15:24:

    “Ele, porém, respondendo, disse: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.”

    Yeshua veio para as ovelhas perdidas da casa de Israel, ou seja, Efraim, as tribos dispersas de Israel.

    A parábola do filho pródigo refere-se justamente a essa ovelha, Efraim.

    O ciúme do filho mais velho, diante do retorno do filho mais novo (Efraim), representa a reação daqueles que nunca se afastaram da Lei de Deus, em contraste com aqueles que estão voltando para a Lei.

    Aqueles que retornam à Lei, assim como o filho pródigo, recebem um anel, simbolizando a nova aliança, vestes novas e calçados nos pés. A menção ao bezerro cevado representa o sacrifício, refletindo até mesmo o sacrifício do Messias.

    A primeira pesca está relacionada aos convidados para a grande festa, enquanto a segunda pesca simboliza a separação dos peixes puros. Os convidados (Mateus 22:1-14) que não estavam devidamente vestidos foram expulsos dessa festa.

    A parábola do servo que só faz o que lhe é pedido está diretamente relacionada àqueles que buscam obedecer apenas ao que acreditam ser necessário para a salvação, enquanto as virgens prudentes representam aqueles que guardam azeite além do necessário para suportar os tempos difíceis, estando preparadas e devidamente vestidas, assim como o filho pródigo após seu retorno. Tudo isso se relaciona à obediência por amor, aquele amor que vai além do mínimo exigido. É o amor que se entrega por inteiro, como um marido ama sua esposa, como Yeshua amou Sua igreja e deu a vida por ela. É o amor que faz mais do que é pedido, que se entrega totalmente, contrastando com o amor morno, sem graça, de quem faz apenas o básico, que não está devidamente vestido.

    Agora, lembre-se da multiplicação dos pães e dos peixes, e das tantas outras parábolas que o Messias ensinou, como a do chamado para que Deus envie mais trabalhadores. Toda essa comissão tem um propósito único: ir até as ovelhas perdidas da casa de Israel, que estão espalhadas por toda a terra. Não importa que, entre elas, haja peixes impuros ou joio no meio do trigo; o que importa é que elas ouçam a voz do Messias e a verdadeira sã doutrina, elas ouvirão a voz do Messias, acredite. Por isso, fale a verdade para os irmãos.

    Em 1948, a casa de Israel é restabelecida, e israelitas de todo o mundo começam a retornar à sua terra.

    Estamos em 2025, o que significa que isso ocorreu há cerca de 77 anos.

    Uma geração dura de 70 a 80 anos, segundo as Escrituras (Salmo 90:10).

    Todas as coisas preditas por Yeshua estão se cumprindo nesta geração, e o tempo está se esgotando.

    Na contagem dos anos bíblicos, estamos em 5785. Todos os sábios concordam que a era da criação se completará aos 6000 anos. Sabemos que, na diáspora, há aproximadamente 200 anos que não são contados, o que pode afetar a exatidão da contagem. Com isso, ao subtrair 5785 de 6000, restam até 215 anos até a volta do Messias, que pode ocorrer a qualquer momento, e está muito breve.

    Mateus 24:32-33:

    “Aprendei, pois, a parábola da figueira: Quando já seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão. Assim também vós, quando virdes todas essas coisas, sabeis que ele está próximo, às portas.”

    Voltem para casa, Israel. O tempo é hoje. A Torah é eterna, luz para os pés, santa, e o mandamento é justo e bom. Yeshua é o Messias de Israel, e não aquele que usa vestes romanas.

    João 8:31-32 Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará.

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    Shalom aleichem!

  • O Deus do ‘Velho Testamento’ é diferente do Deus do ‘Novo Testamento’?

    Neste estudo, vamos abordar a pena de morte na Lei: os crimes, ou principais transgressões, que poderiam levar à pena capital segundo a Torah.

    O Deus do Velho Testamento é diferente do Deus do Novo Testamento?

    Graça e paz, irmãos e amigos. Shalom, shalom.

    Não, conforme está escrito em Malaquias 3:6: “Porque eu, o Senhor, não mudo; (…)”. Essa afirmação também é corroborada em Salmos 102:25-27, Isaías 46:9-10 e Hebreus 13:8, que, embora Hebreus fale especificamente sobre o Messias, destaca que Yeshua é a representação visível do Deus invisível. Essas passagens demonstram a imutabilidade do Eterno em Seu caráter, propósitos e alianças.

    Deus vela por Sua Palavra para cumpri-la, conforme declarado em Isaías 55:10-11, Números 23:19, Ezequiel 12:25, entre outras passagens. Todas as profecias que saíram da boca de Deus certamente se cumpriram ou ainda se cumprirão. Isso evidencia Sua fidelidade em trazer à realidade tudo o que prometeu.

    Como vimos em estudos anteriores, todas as profecias da Torah encontram cumprimento em Yeshua. Ele é o centro das Escrituras e, n’Ele, muitas profecias já se realizaram, enquanto outras ainda aguardam o tempo apropriado para se cumprir, conforme as últimas revelações futuras descritas na Palavra.

    Muitos já entenderam conosco que Deus não anulou ou aboliu Sua Lei com a vinda do Messias, lembrando que colocar a Lei no coração do homem é o cumprimento da Nova Aliança profetizada por Jeremias (Jeremias 31:31-33, Hebreus 8:8-12, Hebreus 10:16-17), já compreendemos que Yeshua quando disse que Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida, que só vão a Deus através dEle, o Messias estava falando também do templo em Jerusalém.

    No Templo, havia o pátio, onde apenas os circuncisos podiam entrar para realizar atos de purificação, adoração, ofertas e sacrifícios. No Lugar Santo, encontravam-se o candelabro, que simboliza a luz do Espírito de Deus, iluminando todos os demais utensílios, os doze pães da Presença, que representavam as doze tribos de Israel, além de simbolizarem comunhão, unidade e a provisão da Palavra de Deus, e o incenso, que representa as orações dos santos. O Lugar Santíssimo, acessado após o véu ter se rasgado, concedeu a todos os seguidores de Yeshua, o Messias, acesso direto à Arca da Aliança, onde estavam a Lei e outros itens sagrados, proporcionando acesso direto ao Pai.

    Já exploramos muitos aspectos da Torah, seus mandamentos e diversos preceitos, trazendo exemplos e aplicando seus ensinamentos em nossas vidas, mesmo estando fora de Israel ou em um contexto diferente da época de Yeshua.

    Neste estudo, vamos abordar a pena de morte na Lei: os crimes, ou principais transgressões, que poderiam levar à pena capital segundo a Torah.

    Também analisaremos se o Deus do Velho Testamento é diferente do Deus do Novo Testamento. Discutiremos o motivo pelo qual, após a destruição do Templo em Jerusalém e a dissolução do Sinédrio, a aplicação da pena de morte foi interrompida, bem como o que a Bíblia revela sobre o juízo divino na segunda vinda do Messias, que virá como Rei, o Filho de Davi.

    Compreender Deus e Suas ações no dilúvio, em Sodoma e em outros momentos, devido à extrema violência e iniquidade do homem, é entender o Deus de justiça e juízo. Ele trará juízo sobre todos os que rejeitam Sua Palavra, conforme relatado nas profecias do juízo final e o grande trono branco. Ou seja, o Sinédrio será restaurado para o julgamento, e a Nova Jerusalém será, de fato, instaurada. No entanto, para aqueles que O ouvem e obedecem, há a promessa de vida eterna, recompensas e honra.

    Para começarmos, vamos relembrar alguns desses crimes e apresentar suas respectivas referências.

    A Torah lista 18 crimes principais que poderiam levar à pena de morte, dependendo da gravidade do ato e do julgamento em tribunal. Essas penas estão ligadas a várias categorias de transgressões: crimes contra Deus, crimes contra outras pessoas e violações graves da lei moral e cerimonial. Abaixo estão os principais casos divididos por categoria:

    1. Crimes contra Deus e idolatria

    1. Adoração de outros deuses (Êxodo 22:20; Deuteronômio 13:6-10): Adorar ou servir outros deuses além do Deus de Israel.

    2. Blasfêmia contra o Nome de Deus (Levítico 24:16): Pronunciar blasfêmias contra o Nome do Senhor.

    3. Profanação do Shabat (Êxodo 31:14-15; Números 15:32-36): Violar intencionalmente o descanso sabático.

    4. Sacrifício de crianças a Moloque (Levítico 20:2-5): Oferecer filhos em sacrifício ao deus Moloque.

    5. Falsos profetas (Deuteronômio 18:20): Profetizar em nome de outros deuses ou proferir palavras falsas em nome de Deus.

    2. Crimes sexuais

    6. Adultério (Levítico 20:10; Deuteronômio 22:22): Relações sexuais entre uma pessoa casada e outra que não seja seu cônjuge.

    7. Incesto (Levítico 20:11-12, 14): Relações sexuais com parentes próximos, como madrasta ou nora.

    8. Homem que se deita com outro homem (sodomia) (Levítico 20:13): Relação sexual entre homens.

    9. Zoofilia (Êxodo 22:19; Levítico 20:15-16): Relação sexual com animais.

    10. Estupro de uma mulher casada ou noiva (Deuteronômio 22:23-27): Caso o agressor fosse capturado em flagrante.

    11. Noiva que não era virgem (Deuteronômio 22:13-21): Se fosse provado que uma noiva alegou falsamente ser virgem.

    3. Crimes contra a sociedade ou contra a vida

    12. Assassinato premeditado (Êxodo 21:12-14; Números 35:16-21): Tirar a vida de alguém de forma intencional e sem justificativa.

    13. Sequestro (Êxodo 21:16; Deuteronômio 24:7): Raptar uma pessoa para escravizá-la ou vendê-la.

    14. Filho rebelde e desobediente (Deuteronômio 21:18-21): Um filho persistente em rebeldia extrema, que recusava todas as correções dos pais.

    15. Rebelião contra autoridades (Deuteronômio 17:12): Desobediência às decisões judiciais do tribunal.

    16. Falso testemunho em casos de pena de morte (Deuteronômio 19:16-19): Dar falso testemunho que poderia levar outra pessoa à execução.

    4. Outros casos específicos

    17. Feitiçaria ou práticas ocultas (Êxodo 22:18; Levítico 20:27): Praticar feitiçaria, consultar espíritos ou necromancia.

    18. Apostasia coletiva (Deuteronômio 13:12-18): Uma cidade inteira que se desviasse para idolatria poderia ser destruída.

    Notas importantes sobre a pena de morte na Torah

    1. Exigência de evidências sólidas:

    – A pena de morte era aplicada somente com o testemunho de pelo menos duas ou três testemunhas (Deuteronômio 17:6). Testemunhas falsas enfrentavam a mesma pena que o acusado.

    2. Caráter preventivo e dissuasivo:

    – A pena de morte não era imposta de forma leviana. Muitas vezes, servia como um aviso à comunidade sobre a seriedade das transgressões.

    3. Intervenção divina e misericórdia:

    – Apesar das leis severas, a Torah também inclui provisões para arrependimento e busca da misericórdia divina (Ezequiel 18:23, 32).

    4. Interpretação no Judaísmo pós-Templo:

    – Segundo os rabinos no Talmud, o tribunal de Sanhedrin raramente aplicava a pena de morte. Eles diziam que um tribunal que executava uma pessoa em 70 anos era considerado “sanguinário” (Mishná, Makkot 1:10).

    Portanto, discursos de Yeshua como o seguinte:

    ‘Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos há que a encontrem.’ (Mateus 7:13-14 – ACF)

    Tal discurso não permanece apenas no limbo abstrato das ideias. Ele é literal, verdadeiro e não há nada de subjetivo aqui.

    Vamos voltar novamente ao Templo.

    1. Estrutura do Templo e a frase de Yeshua

    O Templo de Jerusalém era dividido em três áreas principais, cada uma simbolizando níveis de aproximação a Deus:

    1. O Caminho (O Pátio Exterior):

    – A área mais externa era o átrio ou pátio, onde as pessoas entravam para adorar e oferecer sacrifícios. Esse era o ponto inicial do relacionamento com Deus.

    – Relaciona-se ao “caminho” porque era a entrada para a presença de Deus, assim como Yeshua é a porta de acesso para nos aproximarmos do Pai (João 10:9).

    2. A Verdade (O Lugar Santo):

    – No Lugar Santo, os sacerdotes serviam ao Senhor e ofereciam incenso, mantendo o candelabro e os pães da proposição. Isso simbolizava a verdade espiritual revelada por Deus em Sua Palavra.

    – Yeshua, como a “verdade”, é a obediência da Torah e das Escrituras, revelando o caráter de Deus e Sua vontade (veja João 1:14).

    3. A Vida (O Santo dos Santos):

    – O Santo dos Santos era o local mais íntimo do Templo, onde ficava a Arca da Aliança e a presença de Deus habitava. Apenas o sumo sacerdote podia entrar, uma vez ao ano, no Yom Kippur, para interceder pelo povo.

    – Relaciona-se à “vida” porque a verdadeira vida espiritual está em comunhão com Deus, que Yeshua torna possível através de Sua obra redentora (Hebreus 10:19-20).

    2. Yeshua como o “Novo Caminho” para o Pai

    Com a morte de Yeshua, o véu do Templo foi rasgado (Mateus 27:51), indicando que o acesso ao Pai agora não era mais limitado ao sistema sacrificial ou ao Templo físico. Ele se torna o próprio “Caminho” para entrar na presença de Deus:

    – O Caminho: Ele é o único mediador entre Deus e os homens (1 Timóteo 2:5).

    – A Verdade: Ele é o cumprimento das Profecias da Lei e dos Profetas, revelando o plano divino.

    – A Vida: Por meio de Sua ressurreição, Ele concede vida eterna àqueles que creem.

    3. Conexões com a Torah e o Tanach

    – Êxodo 26:33: O véu do Santo dos Santos separava o povo da presença direta de Deus. Em Yeshua, essa separação deixa de existir para aqueles que O seguem e andam como Ele andou.

    – Salmo 16:11: “Tu me farás ver o caminho da vida; na tua presença há plenitude de alegria.” Isso conecta o “caminho” e a “vida” com a comunhão com Deus.

    “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Yeshua HaMashiach, a quem enviaste.” (João 17:3 – ACF)

    Como disse João, conhecer a Deus como único e ao Messias enviado por Ele, esta é a nossa herança. Compreender que ser coerdeiro dessa promessa é algo real e atual, não apenas para um mundo vindouro, nos permite desfrutar do melhor desta terra, pois a verdade liberta, a sabedoria edifica a casa e o entendimento a estabelece. Com o conhecimento, os cômodos se enchem de toda sorte de bens preciosos e deleitáveis. Contudo, conhecer a Deus sem entender o que Ele diz sobre a vingança pertencer a Ele e sem compreender o quão poderoso Ele é em juízo — e que isso vai além de um Evangelho ‘nutella’, como se diz hoje em dia, morno e superficial — é, na verdade, não conhecê-Lo.

    Vamos explorar quem Deus é, relembrando também as passagens em que Ele trouxe juízo sobre a terra.

    Deuteronômio 30:20: “Amando ao Senhor, teu Deus, dando ouvidos à sua voz e apegando-te a Ele; pois Ele é a tua vida e a longura dos teus dias.”

    1. O Dilúvio

    – Referência: Gênesis 6:5–8:22

    – Descrição: Deus trouxe o dilúvio sobre toda a terra devido à corrupção e maldade humanas. Apenas Noé e sua família foram salvos, junto com os animais na arca.

    2. Sodoma e Gomorra

    – Referência: Gênesis 18:20–19:29

    – Descrição: Deus destruiu Sodoma, Gomorra e outras cidades da planície com fogo e enxofre por causa de seus pecados. Apenas Ló e suas filhas foram poupados.

    3. As Dez Pragas do Egito

    – Referência: Êxodo 7:14–12:36

    – Descrição: Deus trouxe dez pragas sobre o Egito como julgamento contra o Faraó e os deuses egípcios, culminando na libertação dos israelitas.

    4. O Mar Vermelho

    – Referência: Êxodo 14:21–31

    – Descrição: O exército do Faraó foi destruído no Mar Vermelho quando Deus abriu as águas para os israelitas atravessarem e as fechou sobre os egípcios.

    5. Morte de Nadabe e Abiú

    – Referência: Levítico 10:1-2

    – Descrição: Deus consumiu Nadabe e Abiú com fogo por terem oferecido fogo estranho, que Ele não havia ordenado.

    6. Os Rebeldes de Corá, Datã e Abirão

    – Referência: Números 16:1-35

    – Descrição: Deus abriu a terra para engolir Corá, Datã, Abirão e seus seguidores por se rebelarem contra Moisés e Arão.

    7. A Destruição de Jericó

    – Referência: Josué 6:1-27

    – Descrição: Deus derrubou as muralhas de Jericó, permitindo que os israelitas destruíssem a cidade como juízo contra seus habitantes.

    8. Os Filisteus e a Arca da Aliança

    – Referência: 1 Samuel 5:1-12

    – Descrição: Deus trouxe pragas sobre os filisteus por capturarem a Arca da Aliança, causando doenças e terror.

    9. Morte de Uzá

    – Referência: 2 Samuel 6:6-7

    – Descrição: Uzá foi morto por tocar na Arca da Aliança quando esta estava sendo transportada de forma inadequada.

    10. A Peste nos Dias de Davi

    – Referência: 2 Samuel 24:10-17

    – Descrição: Deus enviou uma peste como juízo após Davi realizar um censo sem a aprovação divina.

    11. Destruição do Exército Assírio

    – Referência: 2 Reis 19:32-36; Isaías 37:36

    – Descrição: O anjo do Senhor matou 185.000 soldados assírios que cercavam Jerusalém durante o reinado de Ezequias.

    12. A Queda de Babilônia

    – Referência: Daniel 5:1-31

    – Descrição: Deus julgou o rei Belsazar e o império babilônico, entregando-os aos medos e persas na noite em que Belsazar profanou os utensílios do templo.

    13. Ananias e Safira

    – Referência: Atos 5:1-11

    – Descrição: No Novo Testamento, Deus trouxe julgamento imediato sobre Ananias e Safira por mentirem ao Espírito Santo sobre o valor de uma doação.

    14. A Morte de Herodes

    – Referência: Atos 12:20-23

    – Descrição: Herodes foi morto por um anjo do Senhor por não dar glória a Deus e aceitar adoração como se fosse um Deus.

    E as Escrituras trazem profecias e relatos apocalípticos sobre atos de justiça divina que ainda devem se cumprir. Aqui estão os principais eventos proféticos que envolvem o juízo de Deus, com suas referências bíblicas:

    1. As Sete Taças da Ira de Deus

    – Referência: Apocalipse 16:1-21

    – Descrição: Sete anjos derramam taças de juízo sobre a terra, trazendo pragas, escuridão, calor intenso, e uma grande destruição, culminando em um terremoto global e a chuva de granizo com pedras de enorme peso. Esse evento demonstra a justiça de Deus contra o pecado e a rebeldia.

    2. O Julgamento das Nações (Ovelhas e Bodes)

    – Referência: Mateus 25:31-46

    – Descrição: Jesus fala sobre o juízo final das nações, separando os justos (ovelhas) dos injustos (bodes) com base em suas ações para com “os menores destes” (os necessitados e oprimidos). Este evento destaca a recompensa e o castigo na vinda do Filho do Homem.

    3. A Queda da Babilônia

    – Referência: Apocalipse 17:1–18:24

    – Descrição: Deus traz juízo sobre a Babilônia, simbolizando um sistema corrupto e rebelde contra Ele. Esse evento marca o fim de uma entidade mundial de imoralidade e idolatria.

    4. A Batalha do Armagedom

    – Referência: Apocalipse 16:16; Apocalipse 19:11-21

    – Descrição: Jesus volta como o Rei dos Reis, liderando os exércitos celestiais contra as nações reunidas em guerra contra Ele. As forças inimigas são derrotadas, e a besta e o falso profeta são lançados no lago de fogo.

    5. O Grande Trono Branco

    – Referência: Apocalipse 20:11-15

    – Descrição: Todos os mortos ressuscitam para comparecer diante do trono de Deus. Aqueles cujos nomes não estão escritos no Livro da Vida são lançados no lago de fogo. Este é o juízo final.

    6. As Trombetas Apocalípticas

    – Referência: Apocalipse 8:6–11:19

    – Descrição: Sete anjos tocam trombetas que trazem juízos à terra, incluindo fogo misturado com sangue, estrelas caindo, escuridão, pragas, e terremotos. Estes juízos são sinais para chamar as pessoas ao arrependimento.

    7. Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse

    – Referência: Apocalipse 6:1-8

    – Descrição: Com a abertura dos primeiros quatro selos, surgem os cavaleiros, representando conquista, guerra, fome, e morte. Esses juízos iniciais mostram a justiça de Deus em meio ao caos na terra.

    8. A Destruição de Gog e Magogue

    – Referência: Ezequiel 38–39; Apocalipse 20:7-10

    – Descrição: Após o milênio, Satanás será solto e enganará as nações, liderando um exército contra Deus. O fogo descerá do céu e os consumirá, e Satanás será lançado no lago de fogo para sempre.

    9. O Novo Céu e a Nova Terra

    – Referência: Apocalipse 21:1-8

    – Descrição: Deus cria um novo céu e uma nova terra, onde a justiça habitará. Os pecadores não entrarão na nova Jerusalém; em vez disso, enfrentarão a separação eterna no lago de fogo.

    10. Os Juízos sobre as Nações em Joel

    – Referência: Joel 3:1-16

    – Descrição: Deus reúne as nações no Vale de Josafá para julgar suas ações contra Israel. Este evento está conectado aos dias do Senhor e à justiça divina global.

    11. O Dia do Senhor em Sofonias

    – Referência: Sofonias 1:14–18

    – Descrição: O Dia do Senhor é descrito como um dia de ira, angústia, e destruição, em que Deus trará juízo sobre a terra por sua idolatria e rebeldia.

    12. A Purificação de Israel e o Espírito de Graça

    – Referência: Zacarias 12:9-14

    – Descrição: Deus trará juízo às nações que atacarem Jerusalém e derramará um espírito de graça e súplica sobre Israel, levando-os ao arrependimento.

    Compreender que o mandamento de não matar não está sujeito a qualquer contexto, e que Deus estabelece autoridades, como militares, juízes e outras, para manter a ordem, é entender que Sua Lei são princípios eternos. Isso nos leva a compreender que, independentemente da inexistência do Sinédrio hoje, todos seremos julgados um dia.

    Se isso não nos desperta temor, respeito e reverência a Deus, talvez não O conheçamos de fato.

    “E então lhes direi claramente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.” (Mateus 7:23)

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    Shalom aleichem!

  • 17 frases de Yeshua HaMashiach que se conectam com o Tanach

    Yeshua HaMashiach, o maior Rabino de todos.


    Yeshua HaMashiach, o maior Rabino de todos.

    Graça e paz, irmãos e amigos. Shalom, shalom.

    Em Marcos 12:29, encontramos Yeshua (Jesus) reafirmando a centralidade do Shema Israel como o maior dos mandamentos. O versículo diz:

    “Respondeu Jesus: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.” (Marcos 12:29, ARA)

    Contexto:

    – A pergunta: Um escriba perguntou a Yeshua qual era o maior de todos os mandamentos (Marcos 12:28). Essa era uma discussão comum entre os mestres da Torah na época.

    – A resposta de Yeshua: Ele começa citando o Shema (Deuteronômio 6:4), reconhecendo a unicidade e soberania de Deus. Em seguida, acrescenta o mandamento de amar a Deus com todo o coração, alma, entendimento e força (Marcos 12:30), baseado em Deuteronômio 6:5.

    Significado:

    1. Continuidade com a Torah: Yeshua reafirma que o fundamento da fé é o mesmo dado a Israel na Torah: o amor e a fidelidade a Deus.

    2. Ênfase no amor: Ele conecta o reconhecimento da unicidade de Deus ao mandamento de amá-Lo profundamente, unindo fé e ação.

    3. O segundo mandamento: Após citar o Shema, Yeshua menciona Levítico 19:18: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Marcos 12:31). Isso demonstra a inseparabilidade entre amor a Deus e amor ao próximo.

    A resposta de Yeshua reflete uma interpretação comum entre os rabinos de sua época, que viam o Shema como o núcleo da fé de Israel. Ele não introduz uma ideia nova, mas reafirma o que era ensinado na Torah.

    A citação do Shema em Marcos 12:29 mostra que o ensino de Yeshua está profundamente enraizado na Torah e no Tanach.

    Há muitas frases e ensinamentos de Yeshua que estão diretamente conectados à Torah e ao Tanach:

    1. Mateus 4:4 – “Nem só de pão viverá o homem”

    – Frase de Yeshua:

    “Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.”

    – Fonte no Tanach:

    Deuteronômio 8:3 – “…para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que procede da boca do Senhor viverá o homem.”

    2. Mateus 22:37-38 – Amar a Deus com todo o coração

    – Frase de Yeshua:

    “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.”

    – Fonte no Tanach:

    Deuteronômio 6:5 – “Amarás, pois, o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.”

    3. Mateus 22:39 – Amar o próximo como a si mesmo

    – Frase de Yeshua:

    “E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”

    – Fonte no Tanach:

    Levítico 19:18 – “…amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.”

    4. Mateus 5:5 – Bem-aventurados os mansos

    – Frase de Yeshua:

    “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.”

    – Fonte no Tanach:

    Salmos 37:11 – “Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz.”

    5. Mateus 21:16 – O louvor das crianças

    – Frase de Yeshua:

    “Da boca dos pequeninos e das crianças de peito tiraste perfeito louvor.”

    – Fonte no Tanach:

    Salmos 8:2 – “Da boca das crianças e dos que mamam estabeleceste força, por causa dos teus adversários…”

    6. Lucas 23:46 – “Em tuas mãos entrego meu espírito”

    – Frase de Yeshua:

    “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.”

    – Fonte no Tanach:

    Salmos 31:5 – “Nas tuas mãos encomendo o meu espírito; tu me redimiste, Senhor Deus da verdade.”

    7. João 7:37-38 – A água viva

    – Frase de Yeshua:

    “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.”

    – Fonte no Tanach:

    Isaías 55:1 – “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas…”

    Zacarias 14:8 – “…sairão de Jerusalém águas vivas…”

    8. João 8:12 – A luz do mundo

    – Frase de Yeshua:

    “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida.”

    – Fonte no Tanach:

    Isaías 9:2 – “O povo que andava em trevas viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz.”

    9. Mateus 5:17 – “Não vim para abolir, mas para cumprir”

    – Frase de Yeshua:

    “Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim para destruir, mas para cumprir.”

    – Fonte no Tanach:

    Isaías 42:21 – “O Senhor se agradou dele por amor da sua justiça; engrandeceu a lei e a tornou gloriosa.”

    Yeshua enfatiza a continuidade e a relevância da Torah.

    10. Mateus 5:21-22 – Não matarás

    – Frase de Yeshua:

    “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e quem matar estará sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão estará sujeito a julgamento.”

    – Fonte na Torah:

    Êxodo 20:13 – “Não matarás.”

    Yeshua amplia o mandamento, destacando o aspecto interior da obediência.

    11. Mateus 5:27-28 – Não adulterarás

    – Frase de Yeshua:

    “Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo que qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura no coração já cometeu adultério com ela.”

    – Fonte na Torah:

    Êxodo 20:14 – “Não adulterarás.”

    Assim como no caso anterior, Yeshua aprofunda o entendimento espiritual do mandamento.

    12. Mateus 5:38-39 – Olho por olho, dente por dente

    – Frase de Yeshua:

    “Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente por dente. Eu, porém, vos digo: Não resistais ao perverso; mas a qualquer que te ferir na face direita, oferece-lhe também a outra.”

    – Fonte na Torah:

    Êxodo 21:24 – “Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé.”

    Yeshua apresenta uma abordagem de misericórdia e pacificação, reinterpretando a aplicação prática da lei.

    13. Mateus 9:13 – Misericórdia, e não sacrifício

    – Frase de Yeshua:

    “Ide, porém, e aprendei o que significa: Quero misericórdia, e não sacrifício.”

    – Fonte no Tanach:

    Oséias 6:6 – “Porque eu quero misericórdia, e não sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos.”

    Yeshua destaca a importância da atitude do coração sobre os rituais externos.

    14. Mateus 7:12 – A Regra de Ouro

    – Frase de Yeshua:

    “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a lei e os profetas.”

    – Fonte no Tanach:

    Levítico 19:18 – “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”

    Yeshua resume o princípio ético central da Torah.

    15. Lucas 10:25-28 – Amar a Deus e ao próximo

    – Frase de Yeshua:

    “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e amarás o teu próximo como a ti mesmo.”

    – Fonte na Torah:

    Deuteronômio 6:5 – “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.”

    Levítico 19:18 – “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”

    Yeshua une esses dois mandamentos, mostrando sua interconexão.

    16. Mateus 23:12 – A humildade exaltada

    – Frase de Yeshua:

    “Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado.”

    – Fonte no Tanach:

    Provérbios 29:23 – “A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito obterá honra.”

    Yeshua reforça a visão bíblica da humildade.

    17. João 6:45 – Ser ensinados por Deus

    – Frase de Yeshua:

    “Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Todo aquele que ouviu e aprendeu do Pai vem a mim.”

    – Fonte no Tanach:

    Isaías 54:13 – “E todos os teus filhos serão ensinados pelo Senhor; e será grande a paz de teus filhos.”

    Yeshua se conecta com as promessas messiânicas do Tanach.

    E existem muitas outras, Yeshua HaMashiach

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    Shalom aleichem!

  • Breve história do apóstolo Paulo (Sha’ul)

    Uma análise para compreender as dúvidas levantadas por judeus e cristãos a seu respeito.

    Breve história do apóstolo Paulo (Sha’ul): uma análise para compreender as dúvidas levantadas por judeus e cristãos a seu respeito.

    Graça e paz, irmãos e amigos. Shalom, shalom.

    Vamos tratar aqui das seguintes perguntas:

    #1 – De acordo com o judaísmo na época do Segundo Templo, era possível que um judeu obtivesse cidadania romana?

    #2 – Quanto ao fato de ele ser fariseu, seria possível, segundo fontes judaicas, que ele também tivesse cidadania romana?

    #3 – De que maneira ele teria sido criado aos pés de Gamaliel?

    #4 – Com que idade ele poderia ter começado a ser ensinado por Gamaliel?

    #5 – Por que Paulo perseguiu a “Igreja” (seguidores de Yeshua)?

    #6 – Como fariseu, ele era obrigado a se casar?

    #7 – Paulo prendia discípulos de Yeshua e os entregava às autoridades judaicas. Com base em que autoridade ele poderia fazer isso?

    #8 – Após sua conversão a Yeshua, o apóstolo Paulo continuou ensinando a Torah ou passou a ensinar contra ela?

    Uma visão fundamentada nos relatos bíblicos e em fontes históricas, elaborada por um mero estudioso das Escrituras.

    #1 – De acordo com o judaísmo na época do Segundo Templo, era possível que um judeu obtivesse cidadania romana?

    Sim, era possível um judeu ter cidadania romana durante a época do Segundo Templo, embora fosse algo relativamente raro e geralmente restrito a indivíduos ou famílias específicas. A cidadania romana não era automática para todos os habitantes do Império Romano, incluindo judeus, mas poderia ser obtida de várias formas, como:

    1. Por concessão do imperador ou governantes romanos: Alguns judeus proeminentes, especialmente líderes ou pessoas influentes em comunidades judaicas, poderiam receber a cidadania romana como um privilégio por lealdade ou serviços prestados ao Império.

    2. Por nascimento: Filhos de cidadãos romanos nasciam com cidadania. Isso poderia incluir judeus cujos ancestrais já tinham recebido cidadania.

    3. Por compra: Durante o período romano, era possível adquirir cidadania mediante pagamento, embora o custo fosse alto e geralmente acessível apenas a pessoas ricas.

    4. Por serviço militar: Não era comum os judeus servirem no exército romano devido às suas crenças e leis religiosas, mas havia casos excepcionais. Servir em determinadas unidades auxiliares poderia garantir cidadania após o tempo de serviço.

    Exemplo bíblico:

    O caso de Paulo (Sha’ul) é um exemplo notável. Ele era judeu, da tribo de Benjamim, e também cidadão romano por nascimento (Atos 22:25-29). Isso sugere que sua família ou antepassados haviam recebido cidadania romana de alguma forma.

    Relação com o judaísmo:

    Embora a cidadania romana oferecesse privilégios significativos, como proteção legal e isenção de certas punições, nem todos os judeus a desejavam, pois poderia envolver compromissos com práticas romanas contrárias à lei judaica. No entanto, judeus que eram cidadãos romanos frequentemente usavam essa posição para proteger os interesses de sua comunidade ou sua prática religiosa.

    #2 – Quanto ao fato de ele ser fariseu, seria possível, segundo fontes judaicas, que ele também tivesse cidadania romana?

    Sim, seria possível Paulo ser fariseu e ter cidadania romana, mas isso era algo excepcional e exigiria circunstâncias especiais. De acordo com fontes judaicas e o contexto histórico da época, essas duas condições — ser um fariseu devoto e um cidadão romano — poderiam coexistir, embora houvesse tensões ideológicas e culturais entre o judaísmo farisaico e a cultura romana.

    Ponto de Vista Judaico

    1. Os Fariseus e a Identidade Judaica:

    Os fariseus eram um grupo que enfatizava a separação das práticas gentílicas e a observância rigorosa da Torah. Eles também valorizavam as tradições orais que posteriormente formaram a base do Talmud. Um fariseu devoto geralmente não buscaria cidadania romana por conta própria, já que isso poderia envolver compromissos morais e culturais com o Império Romano.

    2. Cidadania como Circunstância Hereditária:

    Paulo (Sha’ul) afirmou que sua cidadania romana era de nascimento (Atos 22:28), indicando que ele não precisou se comprometer com práticas romanas para obtê-la. Isso sugere que sua família poderia ter recebido a cidadania por serviços prestados ao Império ou por algum favor político. Nesse caso, Paulo poderia herdar a cidadania sem que isso afetasse diretamente sua identidade como fariseu.

    3. Fariseus em Diáspora e Interações com Roma:

    A presença de judeus fariseus na diáspora (fora de Israel) era comum, especialmente em centros como Tarso, de onde Paulo veio. Nessas comunidades, era mais provável que judeus interagissem com autoridades romanas. Alguns judeus influentes poderiam equilibrar sua fidelidade à Torah e sua posição no sistema romano.

    Tensão Cultural e Religiosa

    Embora a cidadania romana oferecesse benefícios, como proteção legal e isenções, havia aspectos que poderiam ser problemáticos para um fariseu:

    – Adoração Imperial: Os romanos promoviam o culto ao imperador, algo completamente inaceitável para um fariseu.

    – Práticas Culturais Pagãs: O ambiente romano estava cheio de práticas contrárias à lei judaica, como idolatria e imoralidade.

    Porém, como cidadão romano, Paulo pôde usar seus privilégios para defender sua fé (Atos 25:10-11), mostrando que ele não comprometeu seus princípios farisaicos para ser um cidadão romano.

    Fontes Judaicas e Contexto:

    Não há evidência direta nas fontes judaicas (como o Talmud ou Midrashim) que explorem especificamente o caso de um fariseu com cidadania romana, mas essas fontes reconhecem a complexidade da vida judaica na diáspora sob o domínio romano. A Mishná e o Talmud mencionam casos de judeus que interagiam com autoridades romanas, como Raban Gamliel e outros líderes da época, que equilibravam sua lealdade ao judaísmo com as realidades do domínio romano.

    #3 – De que maneira ele teria sido criado aos pés de Gamaliel?

    A expressão “criado aos pés de Gamaliel” (Atos 22:3) indica que Paulo (Sha’ul) recebeu uma formação rigorosa e formal na Torah e nas tradições judaicas sob a orientação de Raban Gamaliel (Gamliel HaZaken), uma das figuras mais proeminentes do judaísmo no período do Segundo Templo. Para entender como isso seria possível, considerando também sua cidadania romana e sua origem em Tarso, é importante analisar o contexto histórico e as tradições judaicas da época.

    1. Quem era Gamaliel?

    Gamaliel, mencionado no Talmud como Gamliel HaZaken (o Velho), foi neto de Hillel, o fundador da escola de pensamento de mesmo nome, conhecida por sua abordagem mais compassiva e flexível da Torah em comparação com a escola de Shamai. Ele foi um dos líderes do Sinédrio e é lembrado como um dos maiores mestres da lei judaica.

    Fontes rabínicas o descrevem como um homem de sabedoria, moderado em seus julgamentos, e alguém que buscava equilíbrio entre a fidelidade à Torah e a convivência com o domínio romano.

    2. Educação Judaica no Período do Segundo Templo

    – Movimento para Jerusalém:

    Embora Paulo tenha nascido em Tarso, ele provavelmente foi enviado a Jerusalém em idade jovem para receber uma educação tradicional. Era comum que famílias judias da diáspora mandassem seus filhos para estudar na Terra de Israel, especialmente se fossem famílias devotas.

    – Estudo aos Pés de um Rabino:

    A expressão “aos pés de Gamaliel” era uma forma idiomática que indicava proximidade e aprendizado direto com um mestre. Os alunos literalmente se sentavam no chão enquanto o rabino ensinava, simbolizando humildade e submissão ao conhecimento.

    A educação judaica dessa época envolvia:

    – Memorização da Torah escrita (Pentateuco) e domínio das tradições orais.

    – Discussão de halachá (lei judaica).

    – Formação ética e moral, baseada nos princípios da Torah.

    3. Como isso conciliava com sua cidadania romana?

    Embora Paulo tivesse cidadania romana, isso não significava que ele fosse assimilado à cultura romana. Sua identidade judaica permaneceu central. É provável que sua família em Tarso fosse uma família judaica devota, que valorizava tanto sua herança judaica quanto sua posição social no Império.

    – Cidadania como um recurso, não uma escolha cultural:

    A cidadania romana podia coexistir com uma identidade judaica rigorosa, especialmente para famílias que usavam esse status para proteger sua liberdade religiosa ou avançar seus interesses na diáspora.

    – Família de Elite:

    O fato de Paulo ter sido enviado para estudar com Gamaliel sugere que sua família tinha recursos financeiros e status social. Era um privilégio estudar com um mestre tão renomado, o que pode indicar que sua família era respeitada tanto entre os judeus quanto no contexto romano.

    4. Por que Paulo menciona Gamaliel?

    Paulo menciona Gamaliel em Atos 22:3 para reforçar sua autoridade como judeu e conhecedor da Torah, especialmente diante de uma audiência que questionava sua fidelidade às tradições judaicas. Ao associar-se a Gamaliel, Paulo destaca:

    – Sua formação nas tradições mais respeitadas do judaísmo.

    – Sua lealdade à Torah e às práticas farisaicas.

    – Sua legitimidade como alguém que compreendia profundamente a lei judaica antes de sua conversão ao Messias.

    5. Fontes Judaicas sobre Estudo e Mestres

    O Talmud enfatiza a importância de estudar com mestres reconhecidos. Por exemplo:

    – Pirkei Avot (Ética dos Pais) 1:4: “Seja coberto com o pó dos pés dos sábios e beba avidamente de suas palavras.”

    – Essa expressão reflete exatamente a ideia de “criado aos pés de Gamaliel”.

    Além disso, o Talmud menciona Gamaliel como uma figura que buscava harmonia, sugerindo que ele tinha uma abordagem mais aberta em relação aos desafios do mundo gentílico, o que talvez tenha influenciado Paulo em seu pensamento posterior.

    Paulo foi criado “aos pés de Gamaliel” por ter sido enviado a Jerusalém, provavelmente ainda jovem, para receber uma educação farisaica rigorosa. Sua cidadania romana não impediu essa formação, pois era algo herdado e não implicava adesão à cultura ou religião romana. Essa formação moldou sua compreensão profunda da lei judaica, que ele utilizou tanto antes quanto depois de sua conversão.

    #4 – Com que idade ele poderia ter começado a ser ensinado por Gamaliel?

    Paulo provavelmente começou a ser ensinado por Gamaliel entre os 12 e 16 anos de idade, conforme o padrão da educação judaica na época.

    Contexto da Educação Judaica

    – Primeira Infância (5-10 anos):

    Paulo teria recebido sua educação inicial na Torah escrita em Tarso, onde morava com sua família. Essa formação básica era comum mesmo na diáspora, especialmente em famílias devotas.

    – Estudo da Mishná e Tradição Oral (10-13 anos):

    A partir dos 10 anos, jovens judeus começavam a estudar as tradições orais (que mais tarde formariam a base do Talmud), como preparação para assumir a responsabilidade pelos mandamentos ao completar 13 anos (Bar Mitzvá).

    – Estudos Avançados (13 anos ou mais):

    Após o Bar Mitzvá, jovens que demonstravam grande interesse ou capacidade no estudo religioso eram enviados a mestres renomados. Isso envolvia viajar para Jerusalém, onde os grandes rabinos ensinavam.

    Por que entre 12 e 16 anos?

    1. Idade de Maturidade Religiosa:

    Aos 13 anos, Paulo seria considerado apto a estudar questões mais complexas da Lei com um mestre como Gamaliel.

    2. Educação Judaica Avançada:

    Gamaliel, sendo líder do Sinédrio e mestre farisaico, ensinaria alunos que já tivessem uma base sólida. Paulo menciona em Atos 22:3 que foi “instruído segundo a exatidão da lei de nossos antepassados”, o que reflete uma educação formal avançada.

    3. Família e Circunstâncias:

    A decisão de enviar Paulo a Jerusalém pode ter ocorrido um pouco antes ou logo após ele atingir a idade de Bar Mitzvá, dependendo dos recursos da família e do reconhecimento de seu potencial.

    Portanto, Paulo teria iniciado seus estudos aos pés de Gamaliel em Jerusalém provavelmente entre 12 e 16 anos, quando já possuía maturidade suficiente e uma base sólida na Lei. Essa formação avançada consolidaria sua identidade como fariseu e estudioso da Torah.

    #5 – Por que Paulo perseguiu a “Igreja” (seguidores de Yeshua)?

    Paulo perseguiu a Igreja porque, como fariseu devoto, ele via os seguidores de Yeshua como uma ameaça à fé judaica tradicional e à pureza da Torah. Na visão de Paulo, antes de sua conversão, o movimento dos seguidores do Caminho representava uma heresia que poderia desviar o povo judeu do cumprimento das leis de Deus e da aliança com Ele.

    Razões para a perseguição de Paulo

    1. Zelo pela Lei Judaica:

    – Paulo se descreve como um fariseu extremamente zeloso pela Torah e pelas tradições dos antepassados (Gálatas 1:13-14; Filipenses 3:5-6). Para ele, os seguidores do Caminho parecia contradizer elementos fundamentais da fé judaica, como o cumprimento da Lei e a centralidade do templo.

    – Ele acreditava que Yeshua, sendo crucificado como um criminoso, não poderia ser o Messias prometido, e que os seguidores de Yeshua estavam distorcendo as Escrituras.

    2. Proteção do Judaísmo:

    – A fé judaica, especialmente no período do Segundo Templo, era marcada pela preocupação em preservar sua identidade em meio à ocupação romana e influências gentílicas. Qualquer movimento que pudesse comprometer essa identidade era visto como perigoso.

    – Paulo provavelmente via os discípulos de Yeshua como apóstatas ou desviados que desafiavam a unidade e pureza do judaísmo.

    3. Rejeição à Divindade de Yeshua:

    – A afirmação dos discípulos de Yeshua de que o Messias era o Filho de Deus e o cumprimento da promessa messiânica era vista como blasfêmia por muitos judeus. Paulo, como fariseu, rejeitava completamente essa ideia antes de seu encontro com o Messias.

    4. Expansão do Movimento Seguidores do Caminho:

    – O seguimento estava crescendo rapidamente, especialmente após o Pentecostes (Atos 2), e ganhando adeptos dentro e fora do judaísmo. Isso provavelmente preocupava Paulo e outros líderes judeus, pois desafiava a autoridade das instituições religiosas judaicas e criava divisões entre os judeus.

    5. Autoridade Religiosa:

    – Paulo, antes de sua conversão, tinha algum nível de autoridade dentro da comunidade judaica. Ele recebeu cartas dos líderes religiosos para perseguir os discípulos de Yeshua até Damasco (Atos 9:1-2). Isso indica que ele agia como um agente do Sinédrio, o conselho religioso judaico, que via o movimento como um problema que precisava ser suprimido.

    Como ele perseguiu a Igreja?

    – Prisão e Punição:

    Paulo prendia discípulos de Yeshua e os entregava às autoridades judaicas. Ele mesmo afirma: “Eu perseguia este Caminho até à morte, prendendo homens e mulheres e lançando-os na prisão” (Atos 22:4).

    – Aprovação da Morte de Estêvão:

    Paulo estava presente e aprovou o apedrejamento de Estêvão, o primeiro mártir movimento (Atos 7:58–8:1). Isso demonstra o grau de sua oposição ao movimento.

    Transformação: O Encontro com o Messias

    O zelo de Paulo pela perseguição foi radicalmente transformado após seu encontro com Yeshua no caminho para Damasco (Atos 9:3-6). Esse evento mudou completamente sua perspectiva, levando-o a reconhecer Yeshua como o Messias e a se tornar um dos maiores propagadores da fé através dele.

    #6 – Como fariseu, ele era obrigado a se casar?

    No contexto judaico da época de Paulo, especialmente entre os fariseus, o casamento era altamente incentivado, mas não absolutamente obrigatório. A tradição farisaica e a lei judaica consideravam o casamento uma mitzvá (mandamento), com base no preceito de “crescei e multiplicai-vos” (Gênesis 1:28). Porém, havia algumas exceções e circunstâncias que poderiam explicar por que Paulo, sendo fariseu, aparentemente não era casado.

    1. O Casamento no Judaísmo Farisaico

    – Mandamento do Casamento:

    A tradição judaica considerava o casamento quase universalmente esperado, especialmente para homens. Isso era visto não apenas como uma obediência ao mandamento de Deus, mas também como uma forma de sustentar a comunidade e evitar a solidão (Gênesis 2:18).

    – Casamento entre os Fariseus:

    Como grupo rigoroso na observância da Lei, os fariseus eram especialmente zelosos em cumprir os mandamentos, incluindo o casamento. Muitos rabinos da época afirmavam que um homem deveria casar-se logo após atingir a maturidade (aproximadamente aos 18 anos, conforme Pirkei Avot 5:21).

    2. O Estado Civil de Paulo

    Nos textos bíblicos, Paulo não menciona diretamente ser casado. Pelo contrário, ele parece indicar que era solteiro ou, pelo menos, não vivia mais com uma esposa:

    – 1 Coríntios 7:8:

    “Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se permanecerem como eu.”

    Aqui, Paulo claramente sugere que ele não era casado quando escreveu a carta.

    – Viúvo ou Celibatário?

    É possível que Paulo tenha sido casado no passado e ficado viúvo, o que explicaria sua solteirice posterior. Outra hipótese é que ele optou por permanecer solteiro para se dedicar inteiramente à sua missão.

    3. Exceções ao Casamento entre Fariseus

    Apesar de a maioria dos fariseus se casar, havia algumas circunstâncias que podiam levar um homem a permanecer solteiro:

    – Dedicação ao Estudo:

    Homens excepcionalmente devotos ao estudo da Torah e ao serviço religioso poderiam adiar ou evitar o casamento. No caso de Paulo, sua dedicação ao estudo aos pés de Gamaliel e sua vida missionária poderiam justificar essa escolha.

    – Missão Espiritual:

    Após sua conversão, Paulo argumenta em 1 Coríntios 7 que o celibato pode ser uma escolha válida para quem está completamente dedicado ao serviço de Deus, como ele próprio. Isso pode refletir sua decisão de permanecer solteiro, mesmo que fosse incomum para um fariseu.

    4. Implicações da Solteirice de Paulo

    Se Paulo era fariseu e não era casado, ele estaria em uma posição incomum dentro do judaísmo. Isso poderia ter gerado questionamentos entre outros fariseus. Contudo, ele pode ter justificado sua escolha por causa de sua missão ou por convicções pessoais, especialmente após sua conversão ao Messias.

    Embora a maioria dos fariseus se casasse, Paulo parece ter escolhido (ou ter sido colocado em uma situação) em que permaneceu solteiro. Isso não era a norma, mas também não era impossível, especialmente para alguém tão dedicado à sua fé e, posteriormente, à missão em Yeshua.

    #7 – Paulo prendia discípulos de Yeshua e os entregava às autoridades judaicas. Com base em que autoridade ele poderia fazer isso?

    Paulo tinha autoridade para prender discípulos de Yeshua porque agia como um representante do Sinédrio, o conselho religioso e jurídico judaico de Jerusalém, que tinha jurisdição sobre questões religiosas entre os judeus. Ele recebeu cartas de autorização das autoridades religiosas, que legitimavam suas ações contra os seguidores de Yeshua.

    Com que autoridade Paulo podia prender discípulos de Yeshua?

    1. Autoridade do Sinédrio:

    – O Sinédrio era o principal órgão judicial e legislativo do judaísmo na época, com permissão limitada pelas autoridades romanas para governar assuntos religiosos e civis internos entre os judeus.

    – Como fariseu respeitado e zeloso, Paulo recebeu cartas do sumo sacerdote para agir em nome do Sinédrio, perseguindo os discípulos de Yeshua tanto em Jerusalém quanto fora dela (Atos 9:1-2).

    2. Cartas de Autorização:

    – Em Atos 9:1-2, é mencionado que Paulo pediu ao sumo sacerdote cartas para ir a Damasco e prender os seguidores de “O Caminho” (como os discípulos de Yeshua eram conhecidos).

    – Essas cartas funcionavam como mandados oficiais, permitindo que Paulo prendesse discípulos de Yeshua e os trouxesse de volta a Jerusalém para julgamento religioso.

    3. Colaboração entre judeus e Romanos:

    – Embora o Sinédrio não tivesse autoridade direta para executar sentenças de morte (essa prerrogativa pertencia aos romanos), ele tinha autonomia para lidar com questões internas, incluindo prisões e punições dentro da comunidade judaica.

    4. Zelo Religioso e Reconhecimento Local:

    – Paulo também parecia contar com o apoio de comunidades judaicas locais fora de Jerusalém. Sua reputação como zeloso defensor da Lei facilitava sua cooperação com líderes de sinagogas em outras cidades.

    A autoridade de Paulo para prender discípulos de Yeshua vinha das cartas emitidas pelo sumo sacerdote, respaldadas pelo Sinédrio. Isso o legitimava como perseguidor oficial daqueles que eram vistos como uma ameaça à fé judaica.

    #8 – Após sua conversão a Yeshua, o apóstolo Paulo continuou ensinando a Torah ou passou a ensinar contra ela?

    Após sua conversão a Yeshua, o apóstolo Paulo continuou a valorizar e a ensinar a Torah, mas de uma forma completamente transformada. Ele não ensinava contra a Torah, mas sua interpretação passou a ser centrada na obra de Yeshua como o cumprimento das promessas messiânicas da Escritura. A principal mudança foi que ele passou a ver a Torah e suas observâncias à luz da fé na vida e sacrifício do Messias, acreditando que a salvação vinha pela fé e não pela mera observância da Lei.

    1. Paulo e a Torah após a conversão:

    – Cumprimento da Torah em Yeshua:

    Para Paulo, Yeshua é o cumprimento das promessas da Torah. Em Romanos 10:4, ele escreve: “Porque o objetivo da lei é Yeshua, para justiça de todo aquele que crê.” Isso significa que, para Paulo, a Torah apontava para o Messias e sua obra redentora.

    – Relação com a Lei:

    Paulo continuou respeitando a Torah, mas ensinava que ela não podia salvar as pessoas por si só. Ele entendia que, enquanto a Lei revelava o pecado, Yeshua é aquele que oferece a justificação. Ele não se opunha à Torah, mas afirmava que a salvação não vinha mais pela observância das suas prescrições, como sacrifícios, festivais e outros rituais, mas pela fé na vida e sacrifício do Messias (Gálatas 2:16, Filipenses 3:9).

    – Exemplo Prático:

    Em Atos 21:24, Paulo é orientado pelos líderes discípulos de Yeshua a participar de um ritual judaico (uma purificação no templo) para demonstrar que ele não estava ensinando contra a Lei. Isso sugere que Paulo ainda via valor na prática da Torah como parte da identidade judaica, embora a tenha reinterpretado à luz de sua fé na vida e ensino de Yeshua.

    2. Paulo e as questões de “guardar” a Torah:

    – A questão da circuncisão e das obras da Lei:

    Paulo, principalmente em suas cartas, como em Gálatas, combateu a ideia de que a salvação poderia ser alcançada por meio da observância da Lei, como a circuncisão. Ele insistiu que a fé no sacrifício de Yeshua e em sua vida, e não as obras da Lei, era o meio pelo qual os gentios poderiam ser justificados diante de Deus (Gálatas 2:16).

    – Continuidade com a Torah:

    Em outras cartas, como em Romanos, Paulo mostra que a Torah tem um papel contínuo para o crente, mas não como um meio de salvação. Em Romanos 7:12, ele escreve: “A Lei é santa, e o mandamento é santo, justo e bom.” Assim, Paulo ensinava que a Torah ainda tinha um papel de revelação da vontade de Deus, mas não mais como uma fonte de justificação, já que a salvação vinha pela graça de Deus no Messias.

    3. Paulo e o Messias na Torah:

    – Yeshua como o centro da Torah:

    Para Paulo, Yeshua era a chave para entender a Torah. Ele via a morte e ressurreição do Messias como o ponto culminante da história de Israel, no qual as promessas da Torah se realizavam. Por exemplo, ele fala em 2 Coríntios 1:20 que “todas as promessas de Deus são ‘sim’ no Messias.” Portanto, Paulo não se afastou da Torah, mas a reinterpretou à luz da nova aliança que ele acreditava ter sido estabelecida em Yeshua.

    Conclusão:

    Paulo não ensinava contra a Torah após sua conversão, mas a via como um caminho que apontava para a necessidade de um Salvador, que ele acreditava ter sido enviado por Deus na pessoa de Yeshua. Ele continuou a respeitar a Lei, mas ensinava que a salvação vinha pela fé, e não apenas pela observância das suas prescrições, especialmente no que se referia a rituais e obras externas. Em outras palavras, para Paulo, Yeshua era a chave para entender e viver a verdadeira obediência a Deus. Por isso, ele não se opunha à circuncisão — tanto que circuncidou Timótio — mas deixava claro que aqueles que buscavam se justificar pela Lei estavam caindo da Graça de Deus, tropeçando na própria Lei.

    Fontes:

    Para fornecer uma base histórica sólida para as perguntas, me concentrei em fontes históricas que abordam o contexto social, político e religioso da época do apóstolo Paulo, especificamente sobre o judaísmo no período do Segundo Templo, a cidadania romana e as práticas de Paulo como fariseu e seguidor do Messias. A maioria das fontes que exploram esse período é de autores antigos, como Flávio Josefo, e de historiadores contemporâneos que estudam o judaísmo antigo, o Império Romano e os primórdios do movimento dos seguidores do Caminho.

    1. De acordo com o judaísmo na época do Segundo Templo, era possível que um judeu obtivesse cidadania romana?

    – Fonte Histórica:

    O historiador Flávio Josefo, em suas obras como Antiguidades Judaicas e A Guerra dos judeus, descreve o processo pelo qual os judeus podiam obter cidadania romana. A cidadania romana podia ser adquirida por diversos meios, incluindo o serviço militar, concessões imperiais ou por meios legais através da aquisição de favores de autoridades romanas, como em cidades como Roma e Cilícia. Como no caso de Paulo, que era de Tarso, cidade com estatuto romano, ele possuía cidadania romana por nascimento, o que era um privilégio raro e valioso.

    2. Quanto ao fato de ele ser fariseu, seria possível, segundo fontes judaicas, que ele também tivesse cidadania romana?

    – Fonte Histórica:

    A combinação da cidadania romana com a filiação ao movimento farisaico não era incompatível. O farisaísmo não exigia que seus membros renunciassem à cidadania romana, visto que o movimento era mais centrado na observância rigorosa da Torah do que em questões políticas. Fontes como Flávio Josefo e o Talmud indicam que muitos judeus, mesmo em círculos religiosos rigorosos como os fariseus, viviam sob o domínio romano e podiam possuir cidadania romana, especialmente em regiões fora da Judeia, como Cilícia (onde Paulo nasceu).

    3. De que maneira ele teria sido criado aos pés de Gamaliel?

    – Fonte Histórica:

    O historiador Flávio Josefo menciona Gamaliel como um dos principais mestres da Lei na época, respeitado tanto pelos judeus como pelos romanos. Embora Josefo não descreva diretamente o ensino de Paulo por Gamaliel, fontes rabínicas, como o Talmud, indicam que Gamaliel era um líder influente da escola farisaica, e muitos judeus de seu tempo, como Paulo, teriam sido educados sob sua tutoria. Isso sugeriria que Paulo foi educado em Jerusalém, com uma formação religiosa rigorosa, como era típico para jovens promissores da elite judaica.

    4. Com que idade ele poderia ter começado a ser ensinado por Gamaliel?

    – Fonte Histórica:

    Embora não haja uma menção direta à idade de Paulo, o Talmud sugere que a educação formal dos jovens judeus começava por volta dos 12 a 14 anos, especialmente para aqueles destinados a seguir carreiras religiosas. Como Paulo foi enviado para estudar em Jerusalém e tornar-se um mestre da Lei, é razoável supor que ele começou seu treinamento com Gamaliel entre os 12 e 16 anos, uma idade típica para estudar sob rabinos renomados.

    5. Por que Paulo perseguiu a “Igreja” (seguidores de Yeshua)?

    – Fonte Histórica:

    Flávio Josefo e outros historiadores romanos, como Tacitus, relatam que os discípulos de Yeshua eram inicialmente vistos pelos judeus como uma seita herética. A perseguição aos discípulos de Yeshua se deu principalmente por causa da ameaça que eles representavam para a pureza da fé judaica e suas práticas. Paulo, sendo um fariseu zeloso, via os seguidores de Yeshua como uma corrupção da Lei, e sua missão era erradicar essas práticas dissidentes para preservar a integridade do judaísmo tradicional.

    6. Como fariseu, ele era obrigado a casar?

    – Fonte Histórica:

    A obrigação de se casar entre os fariseus não era absoluta, mas altamente recomendada. A Mishná, um texto central do judaísmo rabínico, sugere que o casamento era visto como uma mitzvá (mandamento), mas a solteirice não era considerada pecaminosa, especialmente se a pessoa se dedicasse à oração ou ao estudo da Torah. No caso de Paulo, a decisão de não casar pode ser interpretada como uma escolha pessoal, focada em sua missão religiosa, embora não seja claro se ele foi casado em algum momento de sua vida.

    7. Paulo prendia discípulos de Yeshua e os entregava às autoridades judaicas. Com base em que autoridade ele poderia fazer isso?

    – Fonte Histórica:

    O Talmud e outros textos rabínicos indicam que o Sinédrio, a corte religiosa judaica, tinha autoridade para julgar e punir infrações religiosas dentro da comunidade judaica, incluindo questões envolvendo a blasfêmia ou heresia. Paulo, como membro proeminente da comunidade farisaica, teria recebido cartas de autorização do sumo sacerdote para prender os seguidores de Yeshua, como relatado em Atos 9:1-2. Essas cartas de autoridade eram reconhecidas dentro da comunidade judaica e permitiam que ele agisse com poder para erradicar a seita nascente.

    8. Após sua conversão a Yeshua, o apóstolo Paulo continuou ensinando a Torah ou passou a ensinar contra ela?

    – Fonte Histórica:

    A partir de fontes como Flávio Josefo e os escritos de Paulo (especialmente suas epístolas), sabemos que ele não ensinava contra a Torah, mas a via como apontando para a necessidade de um Messias. Ele reinterpretou a Lei à luz da fé através da vida e sacrifício de Yeshua. A mudança de perspectiva de Paulo sobre a Torah não era um abandono de seus ensinamentos, mas uma compreensão mais profunda de que Yeshua cumpria a promessa da Lei. Historiadores como E.P. Sanders e N.T. Wright discutem como Paulo reinterpretou a Torah no contexto da nova aliança no Messias, sem rejeitar a sua importância.

    Essas respostas são baseadas em fontes históricas e literárias de estudiosos como Flávio Josefo, Tacitus, E.P. Sanders, e outros estudiosos contemporâneos que analisam o contexto judaico e romano da época, sem recorrer diretamente aos textos bíblicos.

    Paulo não foi criado aos pés do rabino Yeshua, ao contrário dos outros doze apóstolos. Por isso, quando se encontravam, buscavam comunhão e alinhamento. Tiago, irmão de Yeshua, era visto, junto com Pedro, como um dos líderes da congregação dos seguidores de Yeshua.

    Após sua conversão, Paulo se encontrou com outros apóstolos, como Pedro (Kefa) e Tiago, irmão de Yeshua. Em Gálatas 1:18-19, Paulo descreve um encontro com Pedro em Jerusalém, e em Gálatas 2:9 ele menciona Tiago, Pedro e João como sendo considerados “colunas” da congregação de Yeshua. Paulo buscava alinhamento com os apóstolos, mas também havia tensões e desafios relacionados às diferenças sobre a aplicação da Torah, como a circuncisão dos gentios. Em Atos 15, vemos que os apóstolos e os anciãos de Jerusalém se reuniram para discutir esses temas e chegaram a um acordo sobre como os gentios deveriam ser tratados.

    Tiago, irmão de Yeshua (também chamado de “Tiago, o Justo”), desempenhou um papel proeminente na liderança da igreja em Jerusalém após a morte de Yeshua. Ele era considerado uma figura chave, especialmente entre os judeus discípulos de Yeshua. Pedro também foi uma figura importante na liderança inicial da igreja, e ambos, Tiago e Pedro, foram considerados como líderes entre os seguidores de Yeshua, como indicado em Atos 15 e em outras fontes históricas.

    Em Atos 21, Tiago e os anciãos da congregação de Yeshua fazem uma declaração importante sobre Paulo e a comunidade de Yeshua em Jerusalém:

    Atos 21:20-21:

    “Quando ouviram isso, glorificaram a Deus e disseram a Paulo: ‘Vês, irmão, quantos milhares de judeus há que creram; e todos são zelosos da Lei. Mas têm sido informados a teu respeito, de que ensinas a todos os judeus que estão entre os gentios a apostatar de Moisés, dizendo-lhes que não devem circuncidar seus filhos nem andar conforme os costumes. O que, pois, se há de fazer? Certamente ouvirão que tens chegado.’”

    Assim como ocorre hoje, muitos judeus blasfemavam contra Paulo, devido à ignorância e ao fato de terem sido influenciados por memórias de judeus que odiavam essa comunidade. Isso não difere de muitos que se dizem cristãos, mas negam a Torah.

    Rafael Ramos para a página Usina da Torah – Yeshua

    Shalom aleichem!

  • A Teologia da Substituição: Verdade ou Heresia?

    A teologia da substituição, que ganhou força após a era apostólica, afirma que a Igreja substituiu Israel como o povo escolhido. No entanto, essa ideia não encontra respaldo nos textos de Paulo.

    A Teologia da Substituição: Verdade ou Heresia?

    Graça e paz, irmãos e amigos. Shalom, shalom.

    A teologia da substituição, que ganhou força após a era apostólica, afirma que a Igreja substituiu Israel como o povo escolhido de Deus. Segundo essa corrente, as promessas e bênçãos feitas a Israel no Antigo Testamento teriam sido transferidas para a Igreja.

    Embora como sistema formalizado essa ideia não esteja definida no Novo Testamento, seus defensores utilizam alguns textos bíblicos para justificá-la:

    Mateus 21:43: Yeshua (Jesus) declara aos líderes religiosos judeus: “O reino de Deus vos será tirado e será dado a um povo que dê os seus frutos”. Esse discurso é dirigido aos sacerdotes corruptos da época e reflete o cumprimento profético de que o reino seria retirado desses líderes e passado a outros judeus: os apóstolos, todos eles judeus.

    Atos 21:17-20: Neste texto, fica claro que a chamada “igreja primitiva” em Jerusalém era composta por milhares de judeus crentes no Messias e zelosos da Lei. Portanto, a ideia de uma Igreja gentílica substituindo Israel contradiz esse cenário.

    Se existe uma substituição, não se trata de um conceito novo. Deus frequentemente substituiu líderes corruptos por aqueles escolhidos para cumprir Seus propósitos. A liderança do reino foi retirada dos sacerdotes corruptos e transferida aos apóstolos, cuja missão era restaurar a casa de Israel e a casa de Judá, conforme a promessa da Nova Aliança: colocar a Lei de Deus nos corações (Jeremias 31:31-34).

    Romanos 9–11

    Em Romanos 9 a 11, Paulo deixa claro que Deus ainda tem planos para Israel. Contudo, muitos interpretaram esses capítulos como evidência de que a Igreja seria agora o “Israel espiritual”:

    Romanos 11:1-2: “Pergunto, pois: Terá Deus rejeitado o seu povo? De maneira nenhuma! Eu mesmo sou israelita, descendente de Abraão, da tribo de Benjamim. Deus não rejeitou o seu povo, o qual de antemão conheceu.” Aqui Paulo reafirma que Deus mantém Seu plano para Israel.

    Romanos 11:29: “Porque os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis.” As promessas de Deus para Israel permanecem em vigor.

    Romanos 11:11-12: “Por acaso tropeçaram para que caíssem? De maneira nenhuma! Ao contrário, pela sua transgressão veio a salvação para os gentios, para provocar ciúmes em Israel.” Paulo explica que a salvação dos gentios tem o propósito de abençoar Israel.

    Efésios 3:6: Paulo esclarece que os gentios, por meio do evangelho, tornaram-se coerdeiros das promessas. No entanto, isso não anula o papel de Israel no plano divino, até porque a expressão “coerdeiros” implica que já existe um herdeiro.

    A Teologia da Substituição na História da Igreja

    Nos séculos seguintes à destruição do Templo em 70 d.C., com o aumento do número de gentios na Igreja e a separação crescente entre cristãos e judeus, a ideia de que a Igreja substituiu Israel foi ganhando força. Alguns fatores que contribuíram:

    Destruição do Templo: Muitos cristãos interpretaram esse evento como um julgamento de Deus sobre Israel, fortalecendo a ideia de que o papel de Israel como povo escolhido havia terminado.

    Teólogos como Justino Mártir, Tertuliano e Agostinho:

    Justino Mártir, no Diálogo com Trifão, afirmou que as promessas feitas a Israel foram transferidas aos cristãos, em contrariedade a textos como Romanos 3:1-2 e Romanos 9:4-5, onde Paulo destaca os próprios judeus como receptores das promessas.

    Agostinho considerava os judeus “espiritualmente cegos”. No entanto, essa ideia é contrária à declaração de Paulo de que “a cegueira” era parcial e temporária (Romanos 11:25).

    Mudança da prática sabática:

    Agostinho, por exemplo, rejeitava a observação literal do sábado judaico, vendo-o como um sinal espiritual de descanso em Deus. Esse desvio foi associado à profecia de Daniel 7:25: “Cuidará em mudar os tempos e a lei”.

    O Questionamento da Teologia da Substituição

    Nos séculos XIX e XX, a teologia da substituição foi amplamente questionada, especialmente após eventos históricos como o Holocausto e a restauração de Israel como nação em 1948. Fatores importantes incluem:

    Movimento Dispensacionalista: Surgido no século XIX, enfatiza a continuidade do plano de Deus para Israel e para a Igreja, como dois povos distintos no plano divino.

    Vaticano II (Nostra Aetate, 1965): Rejeitou a ideia de que os judeus foram coletivamente rejeitados por Deus, promovendo o diálogo inter-religioso.

    Movimento Sionista: A restauração de Israel e o retorno de judeus à Terra Prometida reforçaram o entendimento bíblico das promessas irrevogáveis de Deus para Israel.

    Hoje, muitas denominações cristãs rejeitam a teologia da substituição, reconhecendo o papel simultâneo de Israel e da Igreja no plano de redenção divino.

    Reflexão Final

    Já se perguntou onde estava a verdadeira igreja do Messias, que começou com Ele e seus apóstolos? Como ela sobreviveu em paralelo a religiões que introduziram heresias e confusões ao longo de dois mil anos?

    A resposta pode estar em compreender que o plano de Deus inclui judeus e gentios, unidos pela fé em Yeshua. O filho pródigo, como mencionado por Yeshua (Jesus), não representa um desviado de uma denominação, mas sim a restauração daqueles que, dispersos, retornam ao pomar de Deus: a Torah, a árvore da vida para todos que creem no Messias.

    Quando você lê Paulo dizer:

    1 Coríntios 11:1: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.” (ARA)

    Sabendo que Paulo guardava os sábados, as festas de Deus e ensinava sobre vários mandamentos e instruções da Lei de Deus, fica claro que ele estava imitando Yeshua. Afinal, o Messias viveu da mesma forma, ensinando a Torah, praticando-a e concedendo aos seus discípulos uma compreensão plena de todas as coisas.

    Por isso, apesar de toda teologia, dogmas e doutrinas humanas, continuamos a seguir o Messias que nos disse a respeito da Lei:

    Mateus 5:17-19, onde Jesus diz:

    “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, mas para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes menores mandamentos, e assim ensinar aos homens, será chamado menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus.”

    “(…)aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus(…)”

    Rafael Ramos, Shalom Shalom!